O ex-secretário da Prefeitura de Guarulhos, Branislav Kontic, tentou suicídio e foi transferido de presídio. Ele, que também foi assessor do ex-ministro Antonio Palocci, foi detido em São Paulo na 35ª fase da Operação Lava Jato, juntamente com Palocci, na segunda-feira passada (26).
Kontic comandou a Secretaria de Desenvolvimento Urbano (SDU) durante as duas gestões do ex-prefeito Elói Pietá (PT). Ele tentou suicídio no último sábado (1º), mas a informação só foi divulgada nesta quinta-feira (6), pela Polícia Federal. Kontic é apontado na Lava Jato como um dos responsáveis por intermediar o contato entre o petista e o empresário Marcelo Odebrecht, que também está preso. Na semana passada, o juiz Sergio Moro acatou o pedido da PF para que tanto a prisão de Palocci quanto a de Kontic fossem convertidas em preventivas, ou seja, sem data para terminar.
Segundo relatos de agentes e advogados, ele se desesperou e tomou medicamentos em quantidade elevada. Os policiais levaram Kontic para o Hospital Santa Cruz, onde foi internado no CTI (Centro de Tratamento Intensivo) e submetido a uma lavagem estomacal. Na última segunda-feira (3), o ex-secretário teve alta e foi levado para o CMP (Complexo Médico Penal), em Pinhais, na região metropolitana de Curitiba.
No mesmo presídio estão outros envolvidos na Lava Jato, como o ex-ministro José Dirceu e o ex-deputado André Vargas. Palocci, porém, continua na sede da PF, na capital paranaense.
Em ofício a Moro, o delegado Igor Romário de Paula solicitou a transferência do investigado “por motivos médicos”.
No Complexo Médico Penal, Kontic ficaria “sob acompanhamento especializado”, escreveu o delegado, que confirmou a internação do último sábado “para acompanhamento médico e realização de exames”, mas não informou o motivo.
Relatos de investigados na Lava Jato que já estiveram presos tanto na sede da PF quanto no CMP afirmam que rotina no Complexo Penal é melhor, já que em boa parte do dia os detentos podem ficar fora das celas e realizar trabalhos manuais. O mesmo não acontece na sede da PF, onde os presos têm apenas duas horas de sol.
Resposta – Procurada, a assessoria da PF confirmou que Kontic passou mal após tomar remédios e foi internado no sábado, mas não informou qual era o problema de saúde. O advogado do investigado, José Roberto Batochio, disse que ainda “estava procurando se inteirar do assunto” para saber o que de fato ocorreu. “Mas sei que, em casos de tanta pressão como esse, muitos chegam a fazer delação premiada e outros podem tomar atitudes mais extremadas”, afirmou o defensor.