Com Linfoma de Hodking reicidiva, tipo raro de câncer, a jovem Ana Omena Lima, 26 anos, aguarda o recebimento de um medicamento necessário para o seu tratamento da Prefeitura de Guarulhos. O medicamento – o Adcetris (Brentuximab Vedotim) – é fabricado por um laboratório dos Estados Unidos e cada frasco custa R$ 18,9 mil. O tratamento completo de Ana custaria em média R$ 700 mil.
Ela entrou com uma ação judicial para obrigar a prefeitura a fornecer o medicamento. O juiz José Roberto de Oliveira, da Comarca de Guarulhos, decidiu favorável à jovem em sentença assinada no dia 15 do mês passado e, ainda, aplicando multa de R$ 500 por dia em caso de descumprimento. Até o momento, Ana não recebeu a medicação.
Por meio da Secretaria de Assuntos Jurídicos, a prefeitura informou que recebeu a notificação judicial no dia 24 de fevereiro e que já iniciou os trâmites jurídicos necessários para a compra do remédio e, assim, cumprir o que determinou a Justiça. Porém, não revelou o prazo para início do cumprimento da decisão judicial.
Ana precisa de sete ciclos de tratamento. Ela revela que seu salário é de pouco mais de R$ 1 000,00 e como está afastada de suas atividades recebe um valor inferior ao que costuma receber mensalmente. “Ganhar a liminar do processo não me garantiu o tratamento. Foi mais um passo dado. Segundo informações a resposta dada pela nossa belíssima Prefeitura de Guarulhos foi (a de que) ‘não temos verba para arcar com os custos’. Guarulhos está quebrado. Merecem palmas ou lamentações?”, perguntou a paciente.
Demonstrando otimismo em sua luta pela vida, a jovem aposta no bom senso dos gestores públicos para que possa reunir condições de tratar da doença. Ela afirma que necessita ocupar o seu tempo com qualquer atividade enquanto aguarda uma definição sobre o caso para que os sintomas da doença não se agravem.
“No roubei nada de ninguém, eu apenas quero viver. Vocês acham que a doença é capaz de entender que eu tenho que esperar Guarulhos se levantar? Seria mais ou menos assim. A quimioterapia que preciso a prefeitura deve pagar e eles não têm verbas. Vamos ser amigos mais íntimos, me ajuda ai amigo-câncer?”, concluiu.
Doença foi descoberta logo após casamento
O casamento com Douglas Henrique Lima, em 2014, foi um dos momentos mais felizes de Ana Omena, mas dois meses depois, em dezembro daquele ano, o médico a comunicou que ela estava com um tumor no pulmão direito e que, inclusive, o órgão já estava lesionado por inteiro.
Em entrevista à TV Gazeta, ela contou o drama que está vivendo: “Fiz um ano de quimioterapia, mas o resultado não foi o esperado”, lamentou. Os médicos então sugeriram um auto transplante de medula óssea, que também não teve a eficácia desejada. Veio então a prescrição do medicamento importado. “Eu achei que minha vida tinha parado ali. Eu achei que não tinha mais possibilidade de continuar, porque o custo do medicamento é muito alto”. Por meio de uma página na internet, os amigos resolveram ajudar por meio de festas para arrecadar dinheiro.
Ana entrou na Justiça contra a Prefeitura de Guarulhos. A ação se baseia no direito de acesso constitucional à saúde e a medicamentos, e ganhou a causa.
“Hoje eu preciso de um medicamento, mas têm outras pessoas que só precisam de uma cirurgia e não conseguem; outras que só precisam de ir a um hospital fazer um curativo e não conseguem porque não tem material. Isso pra mim é uma vergonha”, disse Ana.
Reportagem: Antônio Boaventura