Os familiares de Maria Apparecida de Oliveira Andrade, 78, morta na noite da última segunda-feira (27) no Hospital Geral de Guarulhos (HGG) onde permaneceu por 14 dias aguardando uma cirurgia, questionam o prontuário da mulher que foi liberado pelo hospital. A família contratou um perito particular para analisar os documentos e a análise, segundo os familiares, teria constatado ao menos dois erros: na data da morte e em um possível atendimento fisioterapêutico.
A Secretaria de Estado da Saúde, responsável pelo HGG, diz que a família da paciente está equivocada (ver nota abaixo).
“Nós entregamos o prontuário para o perito nesta sexta-feira (31). Ele apontou os dois erros além do diagnóstico do óbito, apontado como ‘septicemia não especificada’, diferente do que repassado pelo hospital à família, que teria sido parada cardíaca”, revelou o filho Luiz Carlos Oliveira. A septicemia é uma infecção bacteriana grave que ocorre no sangue, podendo gerar sintomas como febre constante e respiração muito rápida.
Maria deu entrada no HGG no dia 15 março, após cair no quintal de casa na Ponte Grande, enquanto brincava com o cachorro, quando fraturou o fêmur. A idosa foi socorrida pelo Corpo de Bombeiros. “Ela chegou ao hospital às 12h e ficou até às 21h na maca do Corpo de Bombeiros porque o HGG não possuía cama liberada naquele momento”, lembrou o filho José Luiz.
Mesmo com a fratura do fêmur, a paciente não foi operada devido à falta de leito no hospital, e teve que ficar sendo medicada no Pronto Socorro. A idosa não reagiu bem aos medicamentos, e começou a se alimentar mal, além de vomitar por diversas vezes.
Apenas no nono dia de internação, ela foi levada para uma enfermaria do sétimo andar, mas ainda assim não conseguiu realizar a cirurgia. “O hospital falava que não havia prótese, e depois quando questionei na ouvidoria, eles disseram que tinham próteses. Não é somente pelo caso de minha mãe, essa situação pode ocorrer com qualquer um, há outras pessoas que esperam por cirurgia, ou outras que estavam há quatro dias internadas e o hospital ainda não havia sequer diagnosticado doença”, disse o filho da vítima.
HGG alega que a família cometeu um equívoco
A Secretaria de Estado da Saúde, por meio de nota, informa que está havendo um equívoco por parte da família no entendimento das informações colocadas no prontuário médico da paciente Maria Apparecida. Sobre o dado de 48h da morte, a unidade informa que neste campo o médico deve preencher o desfecho do caso, ou seja, indicar alta, transferência ou óbito, e se este aconteceu em menos ou mais de 48h depois que o paciente foi internado, como a paciente ficou no hospital entre 15 e 27 de março a informação é de mais de 48 horas.
Sobre a fisioterapia, vale esclarecer que a paciente foi acompanhada pela equipe de fisioterapia respiratória da unidade (suporte ventilatório), que é realizado por um profissional.
Quanto ao termo “Septicemia não especificada”, a direção do hospital esclarece que trata-se de um termo técnico de infecção generalizada, e “não especificada” porque não se sabe qual bactéria causou a infecção. A nota ainda afirma que está à disposição dos familiares para todos os esclarecimentos que eles necessitarem.
Reportagem: Ulisses Carvalho
ulissescarvalho@grupomgcom.com.br
Foto: Ivanildo Porto