A Guarda Civil Municipal de Guarulhos desocupou, na noite deste sábado (8), um terreno da prefeitura que havia sido invadido na noite anterior pelo MTST (Movimento dos Trabalhadores Sem-Teto). Segundo relatos dos sem-teto, a ação foi violenta e ocorreu sem ordem judicial, no momento em que as cerca de 500 pessoas acampadas participavam de uma assembleia.
“Mais de 20 pessoas ficaram feridas”, disse Guilherme Boulos, coordenador do MTST, no inicio da madrugada deste domingo (9).
Segundo ele, havia um acordo com a prefeitura para não despejar as famílias. Boulos afirmou ainda que o acordo foi fechado em reunião realizada na tarde de sábado entre lideranças do movimento, o chefe de gabinete da atual gestão e dois secretários municipais. “Após a reunião foi feita a assembleia e pouco depois chegou a repressão”, disse o líder do MTST.
Um vídeo divulgado na página do MTST no Facebook mostra o momento do despejo, com disparos de bombas de gás lacrimogêneo, gritos e muita correria. De acordo com o relato publicado pela entidade, houve também disparos de tiros e agressões físicas. Entre os feridos estão crianças e o advogado do movimento.
Além dos feridos, quatro pessoas foram detidas e levadas para o 4º Distrito Policial de Guarulhos. Todas elas foram liberadas no início da madrugada.
As famílias despejadas saíram do terreno e se dividiram rumo a outra ocupação do MTST em Guarulhos ou para as casas de familiares.
Em resposta à ação, o MTST promete realizar um protesto em frente à Prefeitura de Guarulhos, na próxima quarta-feira (12).
OUTRO LADO
A Prefeitura de Guarulhos informou, por meio de nota, que a invasão foi registrada em uma área pública, onde será instalado o parque tecnológico da cidade.
Após a ocupação, diz a nota, a Guarda Civil Municipal “isolou o local para que o assentamento não crescesse em número de pessoas. Algo que a própria liderança do movimento considerou correto no primeiro momento.”
No entanto, segundo o comunicado da prefeitura, novos membros do movimento começaram a chegar ao local com “colchões, compensados de madeira e materiais de construção” e foram impedidos de entrar na área pelos agentes da GCM.
O impedimento, segundo a nota, fez com que o movimento passasse a “hostilizar a GCM, inclusive com violência”, segundo o comunicado. A prefeitura informou que durante a confusão, uma viatura e mais o carro do secretário de segurança do município foram depredados.
CRISTINA CAMARGO
SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS)