A dúvida sobre ser dia útil ou feriado foi à tônica dos poucos populares que se arriscaram a percorrer pela cidade de Guarulhos desde as primeiras horas desta sexta-feira (28). Idealizada pelas centrais sindicais, esta data foi dedicada para que pudesse expressar a insatisfação contra a reforma trabalhista e previdenciária proposta pelo presidente Michel Temer (PMDB).
A reportagem do Hoje percorreu os quatro cantos da cidade, que teve nesta sexta, dia útil, como principal característica o silêncio e o barulho dos poucos carros e caminhões que circulavam pelas vias principais e rodovias que cortam o município como a Presidente Dutra, Fernão Dias, Ayrton Senna e Hélio Smidt.
Aliás, foi na rodovia Hélio Smidt, principal via de acesso ao Aeroporto Internacional de São Paulo – Guarulhos, em Cumbica, que ocorreu um incidente mais agudo em território guarulhense. Barricadas foram montadas na rodovia, por volta das 03h30, para impedir a chegada de usuários do equipamento de transporte aéreo, bem como seus funcionários.
Horas mais tarde, sindicalistas e adeptos ao movimento se deslocaram para uma das entradas do aeroporto para bloquear a entrada ao equipamento. Entretanto, segundo apuração do Hoje, apenas três voos chegaram após o horário programado e outros dois com partida fora do horário original.
Em funcionamento, apenas alguns dos serviços considerados de essencialidade pública. Destaque para as unidades de saúde que atenderam normalmente as demandas. Em contrapartida, o serviço de transporte público, também classificado como essencial, teve suas atividades interrompidas por volta das 23h da última quinta-feira (27).
Com a adesão total do sistema de transporte, o comércio local, em especial na região central, acabou afetado e manteve suas portas fechadas ao longo desta sexta. A carona foi a alternativa utilizada para chegar ao local de trabalho. O mesmo cenário pode ser atribuído as agências bancárias, que sequer estavam ofertando a seus milhares de usuário o serviço de autoatendimento.
“Apesar de contar com todo o meu efetivo, não vendi nada até agora. Era melhor não ter aberto”, disse o empresário Taeda Mashiro, um dos poucos que se arriscaram á abrir as portas na rua Luiz Gama.
Terminais de ônibus da cidade estavam sem qualquer movimentação
O cenário encontrado nos terminais de ônibus, que atendem demandas municipais e intermunicipais, era atípico e bem diferente dos dias habituais. Sem passageiros e veículos do sistema de transporte, pode constatar apenas os poucos funcionários que tinham como responsabilidade zelar pela manutenção do local.
Em meio a esta solidão em que a reportagem do Hoje se deparou no Terminal Metropolitano de Ônibus do Taboão, Viviane Camargo, 39 anos, atendente de telemarketing, aguardava o veículo de transporte locado pela empresa que presta serviço para se locomover até o seu posto de trabalho. Ela também revelou ter realizado uma logística diferente daquela que está acostumada.
“Eu vim até o terminal (Metropolitano de ônibus do Taboão) a pé por falta de opção. Normalmente acesso uma das linhas intermunicipais que passa na avenida Otávio Braga de Mesquita”, declarou Viviane.
No entanto, ela acredita que não houve uma paralisação total das atividades profissionais na cidade, e que sempre a população mais fragilizada é que sofre com as consequências.
“Eu acho legal esse tipo de manifesto. Mas, entendo que a população é sempre a prejudicada. Entendo que deveria ser geral e parar tudo. Só que não parou. A única coisa que não tem é o transporte”, concluiu.
Sindicato afirma que 41 agências bancárias estiveram com suas portas fechadas
O sindicato dos Bancários de Guarulhos e Região revelou que 41 agências bancárias, de diferentes instituições, tiveram seu atendimento interrompido. A entidade sindical aponta a ausência de 1200 colaboradores, em diversas funções, que compõe o quadro de funcionários destes estabelecimentos.
Contudo, o respectivo sindicato não revelou quantas agências bancárias possui a cidade de Guarulhos e tampouco o número total de colaboradores que estas abrigam em seus estabelecimentos. As agências da região central e da avenida Paulo Faccini estavam trancadas e sequer tinham acesso disponibilizado ao usuário para o serviço de autoatendimento.
Reportagem: Antônio Boaventura
antonio.boaventura@guarulhoshoje.com.br
Foto: Ivanildo Porto