A Polícia Federal está investigando uma suposta falsificação de assinatura em um documento de desfiliação do Partido Trabalhista Cristão (PTC), em Guarulhos. As investigações foram determinadas pela Justiça Eleitoral, após denúncia do líder comunitário Luiz Antonio Cirino, o Pelé Cirino, considerado vítima do esquema. Cirino prestou depoimento ao delegado Fernando Reis, no dia 4 de abril, na Superintendência Regional da PF, na Lapa, zona oeste da capital paulista.
Cirino, que mora no Jardim Presidente Dutra, confirmou não ser sua a assinatura no documento que está em poder da PF. Ele disse ainda não ter nenhuma suspeita de quem poderia ter assinado no seu lugar. “O certo é que o pedido de desfiliação me causou prejuízos”, disse o líder comunitário ao delegado, se referindo ao fato dele não ter assumido o cargo de vereador na Câmara de Guarulhos, por 15 dias, no segundo semestre de 2015, com o afastamento do vereador Toninho Magalhães. Cirino afirma que era o 1º suplente do PTC, mas com a suposta fraude, assumiu no lugar dele, naquele período, o 2º suplente, o também líder comunitário João Teixeira.
“Fizeram uma grande cachorrada comigo”, lamentou ao HOJE. Na sede da Polícia Federal, ele foi submetido a exame grafotécnico para confirmar se, de fato, a assinatura no documento do PTC foi falsificada. O laudo deverá ficar pronto ainda neste mês. “Quero que tudo seja esclarecido. Quero saber que está por trás desta cachorrada que fizeram com meu nome. Confio na Justiça e nas investigações da Polícia Federal”, afirmou.
Ele contou à reportagem que, nas eleições de 2012, obteve 1.018 votos ficando com a terceira suplência do PTC. Posteriormente, os dois primeiros suplentes saíram do partido, tendo ele assumido a primeira suplência e seu colega de legenda, João Teixeira, a segunda. “Veio o afastamento do vereador Toninho Magalhães e fui à Câmara tomar posse, quando cheguei, o João Teixeira estava sendo empossado no meu lugar. Procurei o presidente da Câmara, Professor Jesus, e ele me disse que tinha em mãos um documento que indicava Teixeira como primeiro suplente”.
Na ocasião, Cirino foi direito à Justiça Eleitoral e constatou que havia protocolado seu pedido de desfiliação do PTC. “Nunca pedi desfiliação do partido, não assinei nada quanto a isso. Vejo que fizeram algo para beneficiar João Teixeira. Quero saber o que houve”, desabafou. No início de abril último, ele foi surpreendido com a intimação da PF. “A Justiça Eleitoral encaminhou a documentação para que a Polícia Federal investigasse e confirmei ao delegado tudo o que havia comunicado ao juiz quando o procurei“, afirmou.
Depois do episódio, Cirino disse que se afastou do PTC e hoje é suplente do PRTB (Partido Renovador Trabalhista Brasileiro), do qual é vice-presidente do diretório municipal de Guarulhos.
Presidente do partido diz que existe “deslealdade” nos fatos
Segundo presidente na história do PTC Guarulhos e no cargo desde 2007, José Miguel Ribeiro negou qualquer tipo de falsificação no documento que teria sido, de fato, assinado pelo líder comunitário Pelé Cirino. “Eu jamais iria falsificar qualquer tipo de documento para beneficiar alguém. Não faz parte da minha conduta como cidadão de 65 anos de idade. Nessa história toda existe deslealdade”, assim reagiu “Zé Miguel”, como é conhecido nos meios políticos de Guarulhos.
Ele confirmou que também foi intimado para prestar depoimento à Polícia Federal, mas o depoimento não ocorreu e está aguardando ser remarcado, mas admitiu ter sido ouvido no Cartório Eleitoral de Guarulhos.
Sobre o documento que estaria com a assinatura falsificada, “Zé Miguel” afirmou que está “supertranquilo” diante do fato. ”Não fiz nada de errado. O documento chegou às minhas mãos e, como presidente do partido, cabe a mim desligá-lo [Pelé Cirino] e fazer a comunicação à Justiça Eleitoral”.
O presidente do diretório municipal disse que Pelé Cirino foi quem deixou o partido. “Eu não inventei nada, o Cirino foi desleal, pois ele deixou o partido para ir para o PRTB”. Sobre a posse do suplente João Teixeira, “Zé Miguel” foi enfático: “Não fui eu que dei posse a ele, foi a Câmara. Apenas entreguei a documentação do partido ao Legislativo”.
O suplente João Teixeira, que teria assumido no lugar de Cirino, afirmou ao HOJE não ter nada a ver com “essa história”. “Eu era 5º ou 6º suplente, e todo mundo saiu do partido, assim disse o meu presidente, Então fui informado que passei a ser o 1º suplente. Quando o vereador Toninho Magalhães se afastou, fui chamado para tomar posse e apenas entreguei minha documentação à Câmara”, explicou.
João Teixeira disse que, entre 2015 e 2016, assumiu como suplente em duas ocasiões. E defendeu o presidente do seu partido. “Sinceramente, não vejo nenhum interesse de ‘Zé Miguel’ ter feito qualquer coisa errada para me beneficiar. Ele é um homem sério. E eu estou à disposição da Justiça”.
A reportagem também tentou contatar o ex-vereador Toninho Magalhães, hoje secretário municipal, mas ele não retornou às ligações.
Reportagem: Gil Campos (Diretor de Redação)
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Foto: Ivanildo Porto