Guarulhos Hoje

Com reintegração de posse, cerca de 3 mil famílias devem deixar o Vale dos Machados

Um pedido de reintegração de posse pode desabrigar cerca de 3 mil famílias que residem em área particular localizada na região do Picanço e conhecida como Vale dos Machados, que começou a ser habitada em 1982. A ação de despejo está marcada para acontecer na próxima quarta-feira (16).
A solicitação do processo judicial para recuperação da área iniciou em 2015 a pedido de Karime Machado Braz. De acordo com edital publicado no dia 31 do mês passado, os moradores têm o prazo de 15 dias para se manifestar sobre a decisão.

Entretanto, o HOJE confirmou que 33 habitantes obtiveram nos últimos anos a declaração de domínio do imóvel naquela área, ação conhecida como usucapião. Moradores da localidade também revelaram que a última contagem de residências realizada pela Prefeitura de Guarulhos contabilizou aproximadamente 1.700 imóveis nos quase 166 mil metros quadrados do terreno.

“Faltando 15 dias para apresentar a defesa, o bairro conta com mais de 1.700 famílias, que em sua grande maioria não possui condições de arcar com a defesa pagando um advogado particular”, lamentou o Kepis Rosebelis, que mora no local há mais de 20 anos.

Preocupação com o futuro toma conta dos moradores

Entre um relato e outro foi possível notar a tristeza e a preocupação nos olhares marejados dos habitantes da área sobre o futuro, que para muitos passa a ser incerto caso aconteça à reintegração de posse na próxima semana. Muitos deles moram no local desde 1982.

“Não tenho para onde ir. Eu vou lutar até o último momento para não perder a moradia que tanto lutei para ter. Estou aqui desde 2000 e só vou pensar em ir para outro lugar se realmente esta injustiça acontecer”, disse a assistente contábil Elisabete Silva, 42 anos, mãe de quatro filhos.
Já Ana Lúcia, 51, que mora no Vale dos Machados desde 1991, espera que a reintegração não aconteça e crê em uma negociação com a proprietária do terreno para que possam juntos encontrar uma solução viável e evitar, assim, o despejo de milhares de pessoas.

“Estou no mesmo barco que todo mundo. Ninguém tem para onde ir. A esperança é a última que morre. Na minha casa, além de mim tem mais quatro pessoas. A gente não está querendo nada de graça, até por que na época eu comprei o meu lote”, concluiu.

Reportagem: Antônio Boaventura
antonio.boaventura@guarulhoshoje.com.br

Foto: Ivanildo Porto

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