Muitos slogans e lemas são lançados para retratar a importância da educação para a formação social do cidadão. No entanto, o saber está sendo substituído pela violência, e consequentemente fazendo parte do cotidiano daquele que tem a missão direta de transmitir o conhecimento. Diante deste quadro, professores da rede estadual de ensino evitam registrar qualquer tipo de ação violenta que sofrem por conta da insegurança.
O HOJE ouviu relatos destes profissionais, que solicitaram o sigilo de suas identidades por medo de retaliação por parte de seus superiores e também por parte dos alunos. “O Estado não nos garante segurança. Fica complicado a gente denunciar. Até o próprio aluno pode nos agredir depois”, disse um professor.
Já a Secretaria da Educação de São Paulo ressalta a ampliação do programa de mediação de conflitos. Esta iniciativa atenderá as 174 escolas estaduais na cidade, e tem como propósito prevenir desentendimentos nas unidades, além de tentar maior aproximação entre educadores, alunos, equipe de gestão e a família destes alunos.
Além da mediação, a pasta criou um critério que mescla vulnerabilidade social e notificação de casos de violência à Secretaria para definição das escolas que terão dois profissionais de mediadores. Atualmente a distribuição ocorre de acordo com indicação de cada Diretoria Regional de Ensino, sem um estudo mais aprofundado que relacione o ambiente social que a escola está inserida.
Em contrapartida, o Sindicato dos Professores do Ensino Oficial do Estado de São Paulo (Apeoesp) entende que as ações do governo estadual precisam combater a raiz do problema e oferecer melhores condições de trabalho aos professores.
“Ter o professor como mediador de conflitos é a prova de reconhecimento do problema. Mas, uma medida que isolada das outras soluções. Não resolve e não zera a conta”, concluiu Eliana Nunes, diretora-executiva da Apeoesp, em Guarulhos.
Antônio Boaventura
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Foto: Ivanildo Porto