Nesta terça-feira (28), a Secretaria de Saúde realizou evento de conscientização de saúde do homem e lançou o pré-natal para o público masculino, que estará em funcionamento a partir de dezembro em todas as UBS. O programa, de acompanhamento da mulher e do bebê durante a gestação, consiste em captar os homens para a atenção básica com a proposta de incentivá-los a participar desse período da mulher, como forma de combate à desigualdade e a favor da paternidade ativa, além de estimular que também cuidem de sua saúde.
De acordo com Lígia Ortolani, da Rede de Atenção às Pessoas com Doenças Crônicas, assim que a gestante chegar à UBS, a equipe perguntará se seu parceiro quer participar da consulta. “Aceitando, o médico ginecologista o convida a fazer exames, inclusive alguns que a grávida tem de realizar no primeiro trimestre, como sorologia para hepatite B e C, HIV e Sífilis, além de exames de sangue para detectar presença ou não de diabetes, verificar níveis de colesterol e medição da pressão arterial”, explica.
*O pré-natal masculino foi um projeto do Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto (SP), implantado em 2007, e que desde 2009 faz parte das ações da Política Nacional de Saúde do Homem do Ministério da Saúde.
Conscientização – Saúde do Homem
Na abertura do evento, que faz parte do Novembro Azul, o secretário de Saúde Sérgio Iglesias chamou a atenção para as questões culturais que afastam os homens dos serviços de saúde. “Quando nós vemos as mulheres vivendo mais, não é simplesmente pela genética. É porque elas vão muito mais ao médico do que nós, que somos muito sintomáticos. Enquanto não dói muito, a gente acaba não indo. Isso é uma negligência nossa e do Estado. Nossa porque é um pouco cultural, e nós estamos desmistificando isso; e do Estado, porque cabe a nós, governo, ter uma ação proativa como esta, para chamar a atenção dos homens”, afirmou.
Com o tema “Conscientização – Saúde do Homem”, também fizeram parte da programação do evento, as palestras “Doenças Cardiovasculares na Saúde do Homem”, ministrada pelo Dr. Gustavo Salatino, e “Conversando com o Urologista”, bate-papo com o Dr. Plinio Marcelo Storti. Gustavo iniciou a apresentação discorrendo sobre as principais causas de morte dos homens, que quando comparado às mulheres, tem o tempo de vida 7,6 anos menor.
O cardiologista ainda trouxe dados da taxa de mortalidade do IBGE de 2015, que apontam que os homens morrem sete vezes mais que as mulheres, devido a causas externas (acidentes e violência), e cinco vezes mais do que elas, de doenças do aparelho circulatório, como infarto e AVC (Acidente Vascular Cerebral). O médico também chamou a atenção para os problemas de saúde mais comuns entre os homens, como a obesidade, alcoolismo e tabagismo, e encerrou com um convite de mudança de estilo de vida baseado em cinco dicas: Pratique atividade física; reeduque sua alimentação; faça acompanhamento médico e tratamento regular; pratique alguma atividade educacional e cultural; e tenha uma espiritualidade, cuide do corpo e da alma.
Já o urologista Plínio Storti apresentou os dados do câncer de próstata, o segundo mais comum entre os homens, atrás apenas do câncer de pele não-melanoma. Entre os fatores de risco estão: histórico de câncer na família, sobrepeso e obesidade. O risco aumenta com o avançar da idade. No Brasil, a cada dez homens diagnosticados com câncer de próstata, nove têm mais de 55 anos. No entanto, o diagnóstico precoce permite 90% de chances de cura.
Neste sentido, Storti desmistificou o exame de toque e discorreu sobre sua importância. “Pelo toque retal 20% dos casos de câncer são diagnosticados. A função da prevenção é proteger o paciente antes dele ficar ruim”, afirmou. O diagnóstico também pode ser feito pelo PSA (Antígeno Prostático Específico), exame de sangue que mede a quantidade de proteína produzida pela próstata. Níveis altos dessa proteína podem significar câncer, mas também doenças benignas da próstata.
Na fase inicial, o câncer de próstata pode não apresentar sintomas e, quando apresenta, os mais comuns são: dificuldade de urinar, demora em começar e terminar de urinar, sangue na urina, diminuição do jato de urina e necessidade de urinar mais vezes durante o dia ou à noite. Por isso a importância do homem realizar os exames preventivos e procurar a UBS mais próxima de sua casa em caso do aparecimento de algum desses sintomas.
Campanha do Laço Branco
O encerramento contou ainda com a apresentação da Campanha do Laço Branco, realizada pela Subsecretaria de Política para Mulheres: homens pelo fim da violência contra a mulher.
A Campanha teve início no Canadá após o “Massacre de Montreal”, ocorrido em 6 de dezembro de 1989, quando um homem de 25 anos (Marc Lepine) entrou armado em uma sala de aula da Escola Politécnica de Montreal, ordenou que os homens se retirassem e assassinou 14 mulheres. Em seguida saiu atirando pelos corredores, gritando “Eu odeio as feministas”. Feriu ainda 14 pessoas, sendo dez mulheres. Depois cometeu o suicídio.
O crime mobilizou um grupo de homens canadenses a organizar-se para dizer que existem homens que cometem violência contra as mulheres, mas existem também aqueles que repudiam essa violência. O laço branco foi eleito como símbolo e adotado como lema: jamais cometer um ato violento contra as mulheres e não fechar os olhos frente a essa violência.
No Brasil, algumas iniciativas tiveram início em 1999, em Recife e em Brasília; e em 2004 foi fundada a Rede de Homens pela Equidade de Gênero (RHEG). Em Guarulhos, a campanha foi lançada em 2009, durante a Semana de Não Violência Contra a Mulher.
Crédito imagens: Sidnei Barros