Bisneto de italiano, o empresário Fernando Mauro Trezza, de 42 anos, presidente da TV Guarulhos e da Associação Brasileira dos Canais Comunitários (ABCCOM), é candidato ao Senado italiano nas próximas eleições, que acontecerão entre os dias 15 e 22 deste mês.
Sua missão está sendo conquistar os votos dos ítalo-brasileiros – em Guarulhos são 864 – e desbancar os outros seis candidatos ao Senado daquele país em território brasileiro. Ele calcula que será necessário 70 mil votos para ser eleito “senatore”.
“Será um grande prazer levar nosso país, em especial a cidade de Guarulhos, para o Senado italiano, principalmente pelo fato de nossa cidade já ter uma vocação aeroportuária para a América do Sul. Temos aqui, com o aeroporto internacional, a porta de entrada e de saída do país”, explicou Trezza, que conta com o apoio do prefeito Guti.
Se eleito, ele prometeu travar uma dura luta política com o governo central italiano, principalmente diante da chamada “fila do consulado”.
“Temos muita coisa para modernizar em termo de legislação e Parlamento na Itália. Uma das questões mais importantes é a ‘fila do consulado’, e teremos que travar um duro enfrentamento político com o governo central da Itália, que trata com preconceito o ítalo-brasileiro. A Itália não seria o que é hoje se não fossem os imigrantes e vou exigir respeito de Roma com o italiano que mora fora da Itália, principalmente os ítalo-brasileiros. Não dá para esperar até 15 anos numa fila para ter o reconhecimento de uma cidadania”, observou.
O voto é via Correios. Todo italiano e as pessoas que têm dupla cidadania e moram na América do Sul recebem duas cédulas de votação: uma para o cargo de deputado (hoje, no Brasil, a deputada do Parlamento italiano Renata Bueno é candidata à reeleição) e outra para o cargo de senador. O eleitor, primeiro aponta o partido que irá votar – no caso de Trezza, a Lista Cívica, que seria uma coligação de centro – e, posteriormente, o nome dos candidatos. O resultado será conhecido no dia 4 de março.
“Estou à procura dos votos com um trabalho nas redes sociais e nos apoios de vários segmentos da sociedade. Sendo eleito, ficarei três semanas em Roma e uma no Brasil, e lutarei para melhorar a relação bilateral Brasil-Itália”, explicou. O mandato é de cinco anos.
E por que não ser candidato ao Senado brasileiro? Trezza não pensa duas vezes para responder: “Como presidente da ABCCOM eu não posso ter filiação partidária, pois meu envolvimento político aqui causaria problemas de relacionamento e até atrapalharia os canais comunitários. A política no nosso país é muito polarizada. Na Itália, todos os parlamentares com os quais tenho contatos poderão nos ajudar, fortalecer nossa luta com os canais comunitários e até ajudar nosso país”.
Reportagem: Gil Campos
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Foto: Ivanildo Porto