O proprietário da transportadora WR Serviços e Logística, Ricardo Souza, protocolou, nesta quinta-feira (12), na Câmara Municipal denúncia contra o vice-prefeito Alexandre Zeitune (Rede). O empresário acusa o ex-secretário de Educação de romper o contrato de sua empresa com a municipalidade de forma autoritária e ter contratado a Braspress, sem licitação, para fazer a entrega dos kits escolares.
O contrato com a WR, no valor de R$ 689 mil, foi assinado em 29 de dezembro de 2016, ainda na gestão do ex-secretário Moacir Souza (PT). No início de março de 2017, diz a denúncia, a WR foi determinada por Zeitune a iniciar a distribuição dos materiais escolares, que deviam ser retirados do armazém Fersim. Portanto, diante de “várias inadimplências por parte da Secretaria de Educação”, a WR não teve acesso aos materiais.
“Ao retornar com a informação de que a WR não conseguiu a liberação dos bens (…0 o sr. Alexandre Zeitune se exaltou e disse que ‘a culpa seria da empresa WR’ (grifo da própria denúncia), a qual deveria ter agido com FORÇA em tal situação, e por este motivo, o contrato da WR estava rompido com a Secretaria de Educação, agindo de forma inesperada e sem o mínimo de respeito”, detalha o empresário.
Souza explicou ainda que tentou resolver a questão, mas sempre era humilhado “aos berros” por Zeitune, que passou a distribuição para a Braspress, a partir do dia 11 de abril daquele ano.
“Vale lembrar que, da forma que foi feito tudo isso (A OPERAÇÃO), não temos certeza de que (os) referidos materiais foram entregues em locais certos e sabidos, em quantidades e datas exatas de conhecimento da Secretaria de Educação, para os reais beneficiários, pois a documentação de transferência fornecida pela SECEL, possivelmente não existe, pelo o que fiquei sabendo”, pontua o empresário na denúncia.
“Senhores vereadores, a WR possuía um contrato de prestação de serviços, porém a Secretaria de Educação, através de seu secretário Alexandre Zeitune, combinou com a Braspress, sem contrato para esta finalidade, e pelo visto sem controle algum, usando funcionários públicos, sem as devidas cautelas trabalhistas, sem as devidas condições administrativas, sem nenhum controle de retirada, entrega e distribuição, ou seja, ao ordenamento do senhor secretário, por conta e risco próprio, sem contrato, pelo o que fiquei sabendo”.
Ex-secretário se diz vítima de perseguição política e que empresa trabalhou ‘de graça’
Ouvido pelo HOJE, o vice-prefeito Alexandre Zeitune disse que está sendo vítima de mais uma perseguição política e ressalta que o empresário deveria ter entregue a denúncia diretamente no Ministério Público Estadual (MPE) ou na Corregedoria do município, não protocolado na Câmara Municipal. Ele também informou que o serviço prestado pela Braspress não envolveu valores.
“A Braspress prestou um serviço solidário, ou seja, de graça. Nada procede. Ele mesmo relata o transporte solidário. Cortei contratos para viabilizar o pagamento dos professores, viabilizar as crianças dentro das creches. Nunca assinei contrato nenhum com a Braspress”, justificou Zeitune.
A reportagem teve acesso a um informativo interno da Braspress onde ela confirma a entrega de quase 9 mil volumes em 15 dias durante o mês de abril do ano passado. No boletim não há qualquer menção sobre valores envolvidos nesta operação.
“Conforme publicado no JORNAL DA BRASPRESS NEWS, a mesma retirou do armazém da FErsin, 42 mil kits (de uniformes), além de outros itens, o que representa quase 40% do projeto de UNIFORMES ESCOLARES. Segundo dados municipais são 112 mil alunos aproximadamente e, ainda, fiquei sabendo que, o valor de um kit de uniforme é de R$ 108,0 aproximadamente à época, e o que mais ASSUSTA: A ‘ENTREGA SOLIDÁRIA’, sem controle algum (pelo que me parece), e para quem?”
Empresário Ricardo Nunes de Souza, na denúncia
Antônio Boaventura
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Foto: Ivanildo Porto