A crise econômica na Venezuela levou quase 60 mil cidadãos daquele país da América do Sul a procurar abrigo em território brasileiro, em especial, na cidade de Pacaraima (RR). Em função da falta de estrutura daquele município, outras regiões do Brasil começam a receber parte dos venezuelanos que estão em Roraima. Com auxílio de entidade social, Guarulhos recebeu nesta terça-feira (28) 28 deles.
Entretanto, o local que abriga os refugiados daquele país da América do Sul irá recebê-los por um período de 90 dias. Esta entidade social criou o programa Igreja Acolhedora, em que as igrejas de qualquer religião podem adotar um venezuelano, porém, a mesma precisa garantir que este possa ter emprego, lugar para morar e estudo para as crianças no caso dos casais.
De acordo com o pastor Fernando Brandão, já existem empresas interessadas em oferecer trabalho á eles e igrejas para adoção. Ele também ressaltou que os imigrantes estão com sua documentação regularizada, além da carteira de vacinação. Os mesmos desembarcaram na cidade nesta terça-feira (28).
“A solução não está lá [Roraima]. A população de lá já está cansada. O projeto é que no máximo 90 possamos realocar estas pessoas. Essas famílias estão sob nossa responsabilidade. Isso aqui é de passagem. Nós já temos 15 oportunidades de emprego e estão concentradas em São Paulo”, explicou Brandão.
Os venezuelanos que estão em território guarulhense possuem formação escolar com nível de ensino médio, ensino superior incompleto, enfermeira e outros sem grau de escolaridade. Eles apontam a crise política e econômica que atravessa aquele país como o principal motivo para a saída da Venezuela rumo ao Brasil.
“Eu cheguei há dois meses no Brasil e esta foi a primeira vez que pude dormir em um colchão. Ficava perambulando pelas ruas com fome e frio. Lá está muito difícil de viver. Eu era animador de festas e trabalhava também em festas de aniversário e ganhava um salário mínimo, que não era suficiente para minhas despesas”, disse o palhaço Dominguez.
Casa de abrigo também recebe sargento da força de segurança da Venezuela
Com a perspectiva de dias melhores no Brasil, um sargento da força de segurança da Venezuela, que por questões de segurança optou por não revelar sua identidade, espera que seu país possa voltar a progredir e recuperar sua capacidade de infraestrutura, porém, não descarta a possibilidade de permanecer em território brasileiro com seus familiares.
“Eu gostaria que a Venezuela ficasse melhor por que é a terra nossa. Mas, se a minha família tiver um negócio bom e ficarmos muito bem aqui, não vejo problema. Somos uma família empreendedora e temos boa formação”, declarou.
Ele revelou ao HOJE que está no Brasil há pouco mais de 2 anos. Seu primeiro contato com o País foi através da cidade de Boa Vista, em Roraima. No entanto, ele ressalta que o atual momento impossibilita os venezuelanos de continuar naquele país. O mesmo aponta que 30 dias trabalhados permitem apenas 2 para alimentação.
“Lá você pode trabalhar, mas seu salário não dá pra nada. Um mês de salário só dá pra comer dois ou três dias. Mas, agora só dá para um dia. A segurança também está ruim e não conseguimos viver mais lá”, concluiu.
Antônio Boaventura
Foto: Ivanildo Porto