Detido desde sexta-feira no Agrupamento Especializado da Polícia Nacional do Paraguai, presídio de segurança máxima localizado em Assunção, capital do país, Ronaldinho Gaúcho tem se recusado a comer a mesma refeição que é servida aos outros quase 200 detentos que também estão no local. O ex-jogador e o seu irmão, Roberto Assis, só se alimentam com a comida comprada em restaurantes e levada pelos seus advogados.
“É, até certo ponto, compreensível. Ele está muito abatido por estar aqui”, contou ao Estado o inspetor Santiago Cuenca, responsável pela segurança do presídio.
Ronaldinho tem também ido com frequência à cantina que fica dentro da cadeia para comprar garrafas de água gelada. Faz muito calor nesta época do ano em Assunção e a água levada pelos seus advogados não demora a esquentar. Nesta quarta-feira, por exemplo, a temperatura na capital paraguaia chegou a 40ºC por volta do meio-dia. Os relatos são de que Ronaldinho e Assis passam o dia de bermuda, camiseta e chinelos.
Além de comida, os advogados levaram repelente de mosquito para Ronaldinho e seu irmão. O presídio fica em uma região arborizada, próxima do Rio Paraguai, e há muitos insetos.
Ronaldinho e o irmão dividem uma cela equipada com televisão e ventilador. O banheiro, no entanto, é comunitário e os brasileiros o dividem com outros detentos, entre eles políticos e policiais acusados de corrupção. Os presos mais perigosos estão em outra ala do presídio.
Em frente à cela dos brasileiros, há um pátio externo para convivência entre os presos. Se no seu primeiro fim de semana preso Ronaldinho chegou a passar um bom tempo no local e a dar autógrafos, a rotina mudou nos últimos dias.
Advogado anuncia um acordo de confidencialidade com ex-jogador
Esta quarta-feira foi dia de visita no presídio. Pela manhã, Ronaldinho e seu irmão receberam seus advogados. “Fizemos um acordo de confidencialidade com nosso cliente e, no momento, não estamos autorizados a fazer declarações”, disse Adolfo Marín.
Quem também esteve na cadeia foi o jogador paraguaio de futevôlei Fernandito Lugo e seu amigo Adam Acepar. Eles conheceram Ronaldinho em um torneio disputado no Rio de Janeiro e foram prestar solidariedade ao brasileiro. “Ronaldinho parece bem. Está em um lugar bem equipado, não lhe falta nada. Ele é uma boa pessoa”, disse Lugo.
Ronaldinho e o irmão tiveram o pedido de transferência para prisão domiciliar negado na terça-feira. A Justiça determinou que eles precisavam permanecer em um presídio durante a investigação. O inquérito que apura um possível esquema internacional de falsificação de documentos pode durar até seis meses para ser concluído, de acordo com as leis paraguaias.