A
Organização Mundial da Saúde (OMS) negou, nesta quarta-feira, 10, que haja
relação comprovada entre baixas temperaturas e um aumento na disseminação do
novo coronavírus. Segundo a entidade, não há qualquer evidência científica
sobre o impacto da covid-19 em diferentes estações. Embora o vírus da Influenza
apresente um salto de infecções no inverno, ainda não é possível estabelecer
semelhanças entre as duas enfermidades.
“Sabemos que o vírus da Influenza tem um ciclo, mas não sabemos como o
novo coronavírus vai se comportar diante da mesma situação. E mesmo no
Influenza não há um padrão, pois temos diferenças entre as zonas temperadas e
as regiões mais próximas à linha do Equador, no inverno do hemisfério sul. Não
temos nenhum dado que sugira que haverá uma transmissão maior ou um
comportamento mais agressivo do coronavírus nesse período”, esclareceu o
diretor do programa de emergências da OMS, Michael Ryan.
Para Ryan, aumentos ou quedas de doenças virais de acordo com as estações estão
ligadas ao comportamento humano, e não apenas ao clima. No verão, exemplifica,
as pessoas tendem a sair mais de casa e frequentar ambientes abertos, mas
também podem ficar mais reclusas, em lugares fechados, principalmente por conta
do ar condicionado. Preocupado com a situação da América do Sul, o diretor
alertou que a temperatura não trará solução para os problemas.
“Há riscos trazidos pelos dois tipos de clima, mas não estão
especificamente associados ao vírus, e sim ao comportamento humano trazido pelas
diferentes temperaturas. Independentemente da estação, temos um aumento
progressivo de casos na América Latina, principalmente na América do Sul.
Precisamos nos concentrar em conter a transmissão, não podemos esperar que a
temperatura dê uma resposta ao problema. O que funciona são medidas de
distanciamento social”, afirmou.
Assintomáticos
Em seu discurso de abertura nesta quarta, o diretor-geral da OMS, Tedros
Adhanom Ghebreyesus, reafirmou o posicionamento de que pessoas assintomáticas
podem, sim, transmitir o novo coronavírus.
“Desde o início de fevereiro, dizemos que pessoas assintomáticas podem
transmtir o vírus. Mas precisamos de mais pesquisas para determinar em que
medida isso acontece. As pesquisas estão em progresso. O que sabemos é que
encontrar, isolar e testar as pessoas suspeitas e, ao mesmo tempo, rastrear os
contatos é a forma mais essencial de dar fim à transmissão. Muitos países
tiveram êxito fazendo exatamente isso”, disse Tedros.
A polêmica sobre o caso começou na segunda-feira, 8, quando a diretora técnica,
Maria Van Kerkhove, classificou como “muito rara” essa possibilidade.
Um dia depois, porém, Van Kerkhove e Michael Ryan esclareceram que pacientes da
covid-19 sem sintomas são capazes de propagar o vírus, apesar de a proporção
não ser conhecida.