Após decretar uma quarentena parcial em novembro e
fechar escolas, bares e restaurantes em meados de dezembro, a Alemanha voltou a
intensificar as medidas restritivas no país nesta terça-feira (5) em uma
tentativa de impedir um novo avanço da pandemia. Itália e Dinamarca também
tomaram decisões semelhantes um dia após Inglaterra e Escócia anunciarem o
retorno a uma quarentena total, mesmo com o início da vacinação no continente
Na Alemanha, além de estender o prazo da
quarentena até o fim de janeiro, os moradores das regiões onde há maior
propagação do vírus terão as viagens não essenciais restritas a um raio de 15
km.
Segundo a imprensa local, a nova regra se aplica
a cidades e condados que registraram mais de 200 novos casos de covid-19 a cada
100 mil habitantes nos últimos sete dias. A determinação, discutida pela
chanceler Angela Merkel e os 16 líderes regionais, é a primeira a banir viagens
não essenciais nas regiões alemãs mais afetadas.
Lojas e restaurantes vão permanecer fechados até
o fim de janeiro, assim como as escolas, com o ensino sendo feito à distância.
Além disso, membros de uma família que morem na mesma casa terão permissão para
encontrar apenas uma outra pessoa em público. Já há uma determinação de que, em
espaços públicos, as reuniões sejam limitadas a cinco pessoas de duas famílias.
“Precisamos restringir o contato mais
estritamente. Pedimos a todos os cidadãos que restrinjam o contato ao
mínimo”, disse Merkel, acrescentando que as medidas serão revistas em 25
de janeiro.
A Alemanha registrou o recorde diário de 1.122
mortes no dia 30 de dezembro. Nesta terça, foram mais 944 óbitos, com o total
passando de 35 mil. Também foram registrados mais 11.897 casos, segundo o
Instituto Robert Koch, elevando o número de infecções para 1.787.410.
Taxa de contágio
A taxa de contágio no país segue o dobro do que
o governo considera administrável. No entanto, o número mais recente de novas
infecções é menor do que as taxas de dezembro, com dias que registrarem mais de
20 mil contaminações.
Merkel está passando por um crescente
questionamento sobre sua decisão de delegar à União Europeia (UE) a negociação
com empresas produtoras de vacinas, uma medida que seus críticos dizem que
desacelerou o processo e reduziu a quantidade de imunizantes disponíveis. Mesmo
assim, até segunda-feira (4) cerca de 317 mil pessoas foram vacinadas na
Alemanha, número bem maior do que em alguns de seus vizinhos, como Itália e
França.
Funcionários do governo de Merkel disseram que
estão fazendo tudo o que podem para acelerar a produção e distribuição de
vacinas. Além do imunizante desenvolvido em conjunto pela Pfizer e a BioNTech
SE, que é alemã, a aprovação de outros pelas autoridades de saúde europeias
deve ajudar a acelerar o lançamento.
Itália
O governo italiano decidiu estender as
restrições adotadas no fim de 2020 até 15 de janeiro, adiando também o retorno
das aulas presenciais para 11 de janeiro, e não em 7 de janeiro como estava
previsto. Em 7 de janeiro, apenas os alunos mais novos – e 50% deles – poderão
retornar às escolas. Os outros estudantes voltarão às aulas presenciais quatro
dias depois. Em 2020, os italianos tiveram apenas alguns meses de aula
presencial por causa das quarentenas impostas para controlar a primeira e
segunda ondas da covid-19.
Na nova determinação, o governo decidiu retornar
ao sistema de três cores nesta quinta-feira, o qual determina diferentes níveis
de restrição dependendo do andamento da pandemia nas regiões.
Durante as festas de fim de ano até esta
quarta-feira, todos os italianos passaram grande parte do tempo na chamada zona
vermelha, que só permitia que eles saíssem de casa para atividades consideradas
essenciais ou para visitar apenas um amigo ou um parente. No entanto, o governo
também decidiu que todos os bares e restaurantes, impedidos de receber
clientes, poderão fazer entregas neste fim de semana. As viagens entre as
regiões só poderão ser feitas por motivos de trabalho, saúde ou em situações de
emergência até 15 de janeiro.
O número de casos diários de novas infecções
caiu de cerca de 40 mil em meados de novembro para abaixo de 20 mil atualmente.
No entanto, a taxa de contágio tem oscilado, voltando a crescer um pouco nos
últimos dias. Na terça-feira, foram registradas 15.378 contaminações e 649
mortos. No total, já são mais de 2,1 milhões de infectados e mais de 75 mil
mortos.
Dinamarca
A Dinamarca intensificou as medidas restritivas
nesta terça-feira com o objetivo de conter a rápida disseminação da variante do
novo coronavírus, 70% mais contagiosa do que o vírus que circulava
inicialmente. As autoridades de saúde dinamarquesas disseram esperar que a nova
cepa seja a dominante na Dinamarca em meados de fevereiro. “A mutação já
está tão disseminada que não pode ser interrompida”, afirmou a
primeira-ministra Mette Frederiksen em entrevista. “Mas podemos atrasar e
prolongar o tempo para que possamos vacinar mais pessoas.”
A disseminação pela Europa da nova cepa da
covid-19 tem sido motivo de preocupação para diversos países. O Reino Unido,
onde a variante foi identificada primeiramente, registrou mais de 60 mil casos
pela primeira vez na terça-feira, no mesmo dia em que retornou a uma quarentena
total. Foram 830 mortes após o registro de 407 na segunda-feira.
A Dinamarca, que até o momento vacinou cerca de
51 mil pessoas – 0,9% da população -, viu um aumento drástico em novos casos de
covid-19 e hospitalizações no mês passado, levando os hospitais ao limite de
sua capacidade. Na semana passada, no entanto, os números se estabilizaram.
As novas restrições incluem a redução do limite
de reuniões públicas de dez para cinco pessoas. Além disso, será introduzida
uma regra de distanciamento de dois metros em áreas públicas, incluindo lojas.
Em dezembro, o país já tinha implementado uma
quarentena, fechando bares, restaurantes e outros estabelecimentos considerados
não essenciais.
A Dinamarca registrou 1.992 novos casos e 31
mortes por coronavírus na terça-feira, enquanto a taxa de reprodução – que
representa o número médio de pessoas que um infectado passa o vírus – caiu de
1,2 para 1 na última semana.
No dia em que o país anunciou a quarentena, em
meados de dezembro, foram registradas 3.692 contaminações – quase o dobro do
número desta terça. No total, mais de 173 mil pessoas no país foram infectadas
e 1.420 morreram desde o início da pandemia.