Educação online, presencial, híbrida, competências socioemocionais, metodologia ágil, metodologia ativa e inteligência artificial são alguns conceitos que norteiam as estratégias de educação para o pós-pandemia. Nesta quarta-feira (28), Dia Mundial da Educação, o Centro Paula Souza (CPS) apresenta algumas tendências para o ensino profissionalizante que deverão se consolidar após a flexibilização da quarentena e retorno às aulas presenciais.
A educação híbrida com a volta do professor para a sala de aula apoiado por ferramentas de Inteligência Artificial é a aposta mais forte entre os especialistas. Outras tendências que se fortaleceram neste período de ensino remoto e devem se manter são o uso da tecnologia como aliada da educação e os novos papeis do educador e do aluno.
Educação profissional em alta
A educação profissional será ainda mais atrativa para os jovens que vão cursar o Ensino Médio e o Superior. A aposta dos especialistas é de que os cursos técnicos e de tecnologia serão uma alternativa para reduzir o impacto e déficit educacional gerados pela pandemia. Segundo o coordenador de projetos da Cetec Capacitações, Jefferson Santana, experts em educação já apontam que uma formação de qualidade que antecipe a entrada do jovem no mercado de trabalho será ainda mais valorizada. “A educação profissionalizante poderá ser um antídoto contra as perdas que impactaram a Geração Covid”, afirma.
Educação mais humanizada
O agravamento da crise social e da situação de vulnerabilidade de muitas famílias pelo impacto da perda de familiares e de renda exigirá uma ressignificação da educação. Os docentes deverão ter um olhar mais atento para as mudanças que ocorreram no mercado e estar preparados para a formulação de estratégias capazes de atender essas novas demandas.
Conceitos como metodologias ativas e habilidades socioemocionais, que já vinham sendo explorados nas grades curriculares, estarão mais presentes no aprendizado. “Maior estímulo à autonomia e ao protagonismo dos alunos serão tendências, assim como a adoção de práticas educativas por meio de projetos”, analisa a coordenadora de projetos da Cetec Capacitações, Ariane Serafim.
Novos itinerários
Os cursos profissionalizantes nos formatos híbrido e de Ensino à Distância (EaD) tendem a ganhar mais importância no pós-pandemia. Nos últimos meses, as instituições investiram em plataformas, softwares e ambientes virtualizados e os alunos desenvolveram mais intimidade com essas ferramentas. Outra modalidade de ensino que deve crescer nesse período é a dos cursos de Articulação dos Ensinos Médio-Técnico e Superior (AMS) com itinerário formativo único, que viabiliza as formações nos Ensinos Médio, Técnico e Superior no período de cinco anos.
“O AMS pode reduzir a evasão porque o estudante que concluiu três anos do curso técnico e depois optou por um curso superior na mesma área acumula um repertório grande de conhecimento que reforça o seu vínculo com a carreira”, afirma o coordenador do Ensino Médio e Técnico do CPS, Almério Melquíades. Lançado em 2019, o AMS está presente atualmente em 22 municípios, oferecendo oportunidade para o desenvolvimento nas áreas de ciência, tecnologia, engenharia e matemática e preparando estudantes para a economia digital.
Espaços Maker e Laboratórios
As mudanças educacionais no pós-pandemia com novas tecnologias e metodologias forjam uma nova arquitetura para as escolas. Para Araújo, o espaço físico da escola está obsoleto porque foi planejado para a educação do século passado, quando os alunos estudavam de forma mais isolada. “A educação do século 21 estimula o trabalho em equipe, a autonomia e a criatividade dos alunos”. Segundo o educador, essas habilidades demandam uma estrutura mais adequada ao convívio e às atividades práticas com mais espaços maker e mais laboratórios.
Protagonismo dos alunos
Os planos pedagógicos das Escolas Técnicas (Etecs) e Faculdades de Tecnologia (Fatecs) Estaduais serão mais flexíveis com aumento progressivo da carga horária para as aulas online. A experiência acumulada no período de aulas remotas com desenvolvimento de ferramentas tecnológicas e de novas metodologias deve impactar as práticas educacionais.
O coordenador de Ensino Superior de Graduação (Cesu), Rafael Ferreira, destaca como tendência a mudança de postura de estudantes e professores. Para o educador, os alunos serão mais ativos e autônomos e os professores atuarão como curadores e mediadores do conteúdo. “O curso de Desenvolvimento de Software Multiplataforma, lançado neste primeiro semestre, prevê uma carga de até 15% de aulas online e foi modelado contemplando esse perfil de maior interação e protagonismo do estudante.”
Multitarefas
A escola, o trabalho e a casa continuarão juntos e ao mesmo tempo no ambiente digital no pós-pandemia. Com a convergência digital, o estudo não se limita mais ao espaço físico da escola e a expectativa é que parte das aulas dos cursos do CPS continuem sendo remota para atender à orientação do protocolo das autoridades sanitárias que determina que as turmas sejam reduzidas. Para Jefferson Santana, esse novo cenário inspira riscos e oportunidades.
“Apesar de o ensino virtual ter reduzido deslocamentos e garantido mais produtividade, o estresse para alunos e professores pode ser maior”. Ele ressalta que como ninguém precisa voltar para casa, o trabalho ou o estudo também não precisam ser interrompidos. A habilidade de saber equilibrar as horas de lazer é também algo que precisará ser aprendido e desenvolvido no pós-pandemia.