A eliminação do Brasil para o Canadá nos Jogos Olímpicos de Tóquio nesta sexta-feira marca o fim de um ciclo do futebol feminino brasileiro em olimpíadas e acende o alerta para que a modalidade não seja esquecida no País.
Marta, eleita seis vezes a melhor do mundo e uma das maiores da história, reforçou, em entrevista após a partida, o pedido para que as mulheres continuem sendo apoiadas e haja mais incentivos para que a modalidade prospere no Brasil. Sobre o seu futuro na seleção, ela preferiu não responder.
“Temos que continuar apoiando a nossa modalidade porque o futebol feminino não acaba aqui. O futebol feminino continua e eu espero que as pessoas tenham essa consciência e não saiam apontando o dedo pra ninguém”, salientou a camisa 10, emocionada “Aqui não tem culpado. Fizemos o que estava ao nosso alcance. Não faltou nada. Faltou a bola entrar. Estou muito orgulhosa da equipe e do que a gente viveu”.
A meio-campista saiu de campo com o sentimento de tristeza, naturalmente. Tristeza potencializada pelo fim de um ciclo. Ela evitou falar sobre seu futuro na seleção feminina, mas lamentou que não poderá brigar por mais uma medalha com a incansável Formiga, que se despede da seleção após sete olimpíadas.
“Estou com a cabeça a mil, vou deixar essa resposta para depois. Não dá para dizer no momento, estou muito emocionada”, justificou-se ela, em relação à sua aposentadoria ou não da seleção.
“Obviamente fica o gosto de que podíamos mais. Agradeço demais a Formiga por tudo que ela fez nesses anos todos. Gostaria de viver aquela emoção de novo de poder lutar por uma medalha com ela”, lamentou a camisa 10. “É uma pessoa que tanto ajudou a modalidade e é a inspiração para essas meninas na seleção. Uma vida dedicada ao esporte. Ela poderia ter tido um final mais feliz, mas ela é uma guerreira e isso me orgulha demais”.
Sobre o jogo, Marta fez a avaliação de que, embora a equipe não tenha chegado a Tóquio com o peso do favoritismo, poderia ter ido além das quartas de final. O desempenho frustrante no Japão repete a campanha Londres-2012, quando a equipe também parou nas quartas de final.
“Tem dias que as coisas não funcionam. Senti que começamos bem, tivemos possibilidade de abrir o placar. Faltou um pouco mais de paciência no terço final do campo. Poderíamos ter aproveitado melhor as chances principalmente na prorrogação porque elas estavam mais cansadas que a gente. Mas é coisa do futebol”, analisou.