O Palmeiras finalmente tem a sua Copinha. Depois de décadas de provocação dos adversários, o time alviverde conquistou pela primeira vez o título da Copa São Paulo de Juniores com uma goleada sobre o Santos por 4 a 0, na manhã desta terça-feira, no Allianz Parque, na capital paulista.
Os versos “Palmeiras não tem Mundial, não tem Copinha, não tem Mundial”, criados a partir da canção “História pro Sinhozinho”, de Dorival Caymmi, perderam o sentido na manhã quente de terça. O Palmeiras começou o torneio como favorito, confirmou essa condição e foi o grande time do torneio. A festa dos 468 anos da cidade de São Paulo é verde.
Maior e mais visível torneio das categorias de base por causa das férias do futebol profissional, a Copinha marca a conquista de uma grande geração. É a continuidade de um longo trabalho do pentacampeão estadual da categoria. Vários atletas, como Wesley, Danilo e Patrick de Paula têm presença constante no time principal. Dos 30 inscritos na competição, 13 atletas atuaram no profissional em 2021. Dos que entraram em campo na final, só dois atletas – Endrick e Mateus – nunca foram relacionados para o time de cima. Além de encerrar o jejum, o time alviverde celebra a revelação de atletas como Endrick, talento de 15 anos, Giovani e Gabriel Silva – todos fizeram gol na final.
Campeão da Copinha em 1984, 2013 e 2014, o Santos buscava seu quarto título na Copinha, mas cometeu erros defensivos e mostrou falta de organização no ataque que prejudicaram a reação no jogo
Com atletas que atuaram nos últimos jogos do Campeonato Brasileiro do ano passado, o time de Paulo Victor se mostrou maduro, consciente e sem se importar com a pressão. O primeiro tempo foi um massacre, com 3 a 0 nos primeiros 15 minutos. O Santos não conseguiu igualar o jogo, nem técnica nem fisicamente, em nenhum momento do jogo.
A atmosfera para o título inédito era favorável. A final foi disputada com torcida única do Palmeiras no Allianz Parque – 50% do estádio foi liberado para o público. Desde 2016, a Secretaria de Segurança Pública de São Paulo só permite torcedores de uma equipe nos clássicos para evitar eventuais confrontos. Na Copinha, o regulamento previa que o dono da melhor campanha teria o apoio da torcida. Essa conjunção de fatores – contestada pelos santistas – deixou o estádio pronto para a festa alviverde
Não houve tempo para dúvidas de que o Palmeiras levaria a taça. O Santos tentou adotar a tática de se defender e explorar os contragolpes, mas não conseguiu se segurar. Havia uma “avenida” no lado direito. A exemplo do que aconteceu na semifinal com o São Paulo, o Palmeiras saiu na frente cedo. Logo aos 5 minutos, após cruzamento de Vanderlan da esquerda, dois zagueiros do Santos falharam e Endrick finalizou de perna esquerda.
Seis minutos depois, uma pintura. Giovani – um dos grandes jogadores do time e autor do gol na semifinal – acertou um chute que encobriu o goleiro Diógenes. Coisa de gente grande. Vale lembrar que, neste ano, a Copinha permitiu jogadores até 21 anos, mas os dois primeiros gols foram marcados por garotos de 15 e 18 anos, respectivamente.
O terceiro gol foi uma bela cobrança de falta, aos 15. Colocando por cima da barreira, como se fosse com as mãos, Giovani praticamente definiu a final aos 15 do primeiro tempo. Na comemoração, o jogador que fez gol no Brasileirão do ano passado diante do Cuiabá e já atuou 13 vezes entre os profissionais fez reverências para a torcida. Na verdade, foi o estádio todo que se encantou com jogador maduro e consciente mesmo tão jovem.
Santistas e palmeirenses levaram a rivalidade dos profissionais, com a decisão recente da Copa do Brasil e da Libertadores, para a base. Saíram faíscas das divididas, como diziam os antigos narradores. Por isso, Ed Carlos recebeu cartão amarelo com menos de cinco minutos. Irritados com a derrota, os santistas perderam a cabeça e os cartões foram se somando. No final do primeiro tempo, Derick foi expulso.
Com mais espaço, o Palmeiras ampliou o placar com facilidade no segundo tempo. Vanderlan deu sua segunda assistência no jogo ao cruzar na cabeça de Gabriel Silva, que fez mais um. Jogando fácil e sem encontrar uma marcação organizada, o time poderia ter feito mais gols – um gol deles, que seria o terceiro de Gabriel Silva – foi anulado corretamente por impedimento.
Os palmeirenses esperam agora que o título inédito da base seja um prenúncio da conquista do Mundial de Clubes, em fevereiro, para enterrar de vez a gozação dos rivais. A primeira parte da missão está concluída.
Ficha técnica:
PALMEIRAS 4 x 0 SANTOS
Palmeiras – Mateus; Garcia, Naves, Lucas Freitas e Vanderlan (Ian); Fabinho, Pedro Bicalho (Pedro Lima) e Gabriel Silva (Lucas Sena); Giovani (João Pedro), Endrick (Vitinho) e Jhonatan (Kevin). Técnico: Paulo Victor.
Santos – Diógenes; Andrey (Rafael Moreira), Jair Paula, Derick e Lucas (Nycollas); Jhonnathan, João Victor (Mateus Nunes) e Ed Carlos; Fernandinho (Pedrinho), Rwan Seco e Weslley Patati. Técnico: Elder Campos.
Gols – Endrick, aos 5, Giovani, aos 11, e Gabriel Silva, aos 15 minutos do primeiro tempo. Gabriel Silva, aos 8 minutos do segundo tempo.
Cartões amarelos – Ed Carlos, Lucas Pires, Jhonnathan.
Cartão vermelho – Derick.
Árbitro – Gustavo Holanda Souza.
Renda – Não disponível.
Público – 20.814 pagantes.
Local – Allianz Parque, em São Paulo (SP).