Há 15 anos, o Brasil parou de ser considerado autossuficiente em petróleo. Isso significa que a produção do recurso supera a de consumo. Por dia, o país fabrica três milhões de barris, mas compra do exterior 170 mil barris por dia em derivados porque o mesmo é difícil de refinar e foi sobre isso que tratou o economista Rogério Cardoso, no HOJE TV desta quinta-feira (17), apresentado pelo jornalista Maurício Siqueira.
“O brasileiro recebe informação, mas é preciso deixar as coisas mais claras. Por que em 2008 o barril chegou aos US$ 150 e não aumentou a gasolina? Existem duas explicações. Primeiro, é preciso ver porque a Petrobras precisa aumentar tanto o preço de combustível. Pois hoje ela dá muito lucro que não dava no passado. Nos dias de hoje, a Petrobras tem muitos acionistas e é preciso pagá-los. Para se ter uma ideia, eles vão receber sobre os dividendos do ano passado cerca de R$ 100 bilhões. Conclusão: alguém investiu na Petrobras e precisa receber o dinheiro”, esclareceu o economista.
O barril é uma unidade de medida de volume aplicada geralmente ao petróleo líquido. Por razões históricas, a correspondência em litros varia entre cerca de 100 litros a 200 litros. “O petróleo, hoje, é medido por barril. A Bolsa de Valores faz a paridade de lançar os preços para o mercado nacional. Em 2008, o barril chegou a quase US$ 150 e a gasolina não aumentou”, disse Cardoso.
O economista explicou que, agora, quando sobe o preço do barril, o valor da gasolina acompanha. “Pois mudou tudo, principalmente os investidores da Petrobras e isso é um dos fatores. A resposta está relacionada às características do produto extraído no Brasil, à estrutura de refinarias e outros aspectos técnicos”, ressaltou ele.
Boa parte das refinarias brasileiras foi construída na década de 1970, quando o petróleo era importado, porém, ele era do tipo leve. Com a descoberta e a extração de petróleo na Bacia de Campos, também nessa época, as refinarias precisaram passar por um processo de adaptação para refinar o produto brasileiro, mais pesado. É por esse motivo que o país acaba importando derivados do petróleo para compor o blend, como é chamada a mistura do petróleo brasileiro com outros tipos e que possibilita o refino. “O petróleo produzido no país é um tipo que não se pode refinar e por isso não vira gasolina. Então vende-se esse petróleo, que lá fora ele serve para produzir outras coisas e acabamos tendo de comprar a gasolina”, finalizou o economista.
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