Com o retorno às aulas presenciais, as escolas municipais passam a investir na busca de estudantes que não retornaram e na recuperação do aprendizado perdido durante a pandemia, é o que aponta um estudo realizado pela União Nacional dos Dirigentes Municipais de Educação (Undime) com apoio do Fundo das Nações Unidas para a Infância (Unicef) e Itaú Social.
Para realizar o estudo foram ouvidas 3.372 secretarias municipais de educação, 80% das redes municipais estão com aulas totalmente presenciais e 90% oferecem atividades presenciais cinco vezes por semana em todas as etapas do ensino, com adesão total ou quase total dos estudantes.
“Há um progresso significativo do retorno das escolas, principalmente se compararmos com as pesquisas anteriores e lembrando que o Brasil foi um dos últimos a voltar ao presencial”, destaca Florence Bauer do Unicef. “Muitas crianças e adolescentes estão retornando com níveis diferentes de aprendizado, o que nunca aconteceu antes, cada um precisa de um apoio específico, a escola deve levar em conta a situação individual, inclusive de apoio à saúde mental”, disse.
De acordo com o levantamento, 78% das redes realizam a Busca Ativa Escolar – buscam os estudantes que não retornaram à escola. Além disso, a maioria adota medidas para a recomposição e recuperação da aprendizagem.
Florence também avalia que “é importante que escolas abram, mas que todas as crianças estejam frequentando as atividades e nesse sentido é fundamental a busca ativa, até o momento 100 mil retornaram após essas ações.”
“Além do disque 100 oferecido pelo governo federal, que localiza esses estudantes, é necessário que haja um apoio para estes alunos, e já cobramos políticas públicas que ofereçam medidas e ações que garantam que essas crianças e adolescentes fiquem na escola”, destacou Luiz Miguel Martins, da Undime.
A pesquisa destaca, ainda, que a vacinação de crianças e adolescentes contra a Covid-19 tem sido incentivada, embora a falta do cartão de vacinação não impeça a frequência escolar.
Para a recuperação escolar, 77% dos municípios afirmaram que as propostas de recuperação são preparadas pela secretaria municipal de educação e enviadas às escolas. Outros 20% estão deixando a escolha das estratégias a cargo de cada unidade escolar, apoiando no que for necessário.
Martins afirma que as atividades de recuperação são realizadas no horário de aula “porque muitas famílias não têm como levar os filhos no contraturno e muitas instituições não têm estrutura para receber esses estudantes que precisam de reforço fora do horário de aula.
As avaliações diagnósticas têm sido o principal meio de diagnóstico de defasagens de
aprendizagem: 60% das redes estão aplicando avaliações em todas as escolas e 33% fazem esse
diagnóstico por meio de avaliações que as próprias escolas elaboram.