Guarulhos Hoje

Maioria das mulheres de Guarulhos aborta fora da cidade

Foto: Nicci Coertze-Kruger/Pixabay

Maria menezes

Nos últimos dois anos e meio, 44 mulheres de Guarulhos realizaram abortos com autorização judicial na rede pública. Dessas, apenas oito realizaram o procedimento em hospitais da cidade, enquanto as outras 36 foram atendidas em São Paulo. As informações foram recebidas pelo HOJE através da Lei de Acesso à Informação.

Segundo o Ministério da Saúde, em 2020 foram realizados 23 procedimentos, três aconteceram na cidade, contabilizando dois no Hospital e Maternidade Jesus, José e Maria (JJM) e um no Pimentas Bonsucesso (HMPB). Enquanto os demais aconteceram na capital, sendo 18 no Centro de Referência da Saúde da Mulher (CRSM); um Hospital Municipal e Maternidade Escola Doutor Mário de Moraes Altenfelder Silva (HMEC) e um no Hospital Municipal Doutor Cármino Caricchio.

No ano seguinte foram registrados 15 abortos realizados com autorização judicial em mulheres guarulhenses, somente dois foram realizados no Hospital Geral de Guarulhos (HGG), enquanto os demais casos foram atendidos no CRSM (10); Hospital Municipal São Luiz Gonzaga (HSLG) (1), Hospital das Clinicas (1) e no HMEC (1). Neste ano, de janeiro até abril, já foram contabilizados seis, sendo três no JJM, dois no HMPB e três no CRSM.

No Brasil, o aborto é permitido por lei desde que a gravidez apresente risco de vida para a gestante ou de feto acéfalo e em casos de violência sexual. Nos três casos, os procedimentos são atendidos em todas as redes do Sistema Único de Saúde (SUS), iniciados pela Atenção Primária à Saúde (APS). Em Guarulhos, outros hospitais autorizados a realizar o processo são o Centro de Testagem e Aconselhamento; Complexo Hospitalar Padre Bento de Guarulhos, Hospital Municipal de Urgência, Hospital Municipal da Criança e do Adolescente e Unidade Básica de Saúde Nova Bonsucesso.

Internações

Além dos 44 abortos feitos pelo SUS, outras 2.039 internações por abortamentos foram realizadas em residentes do município. De 2020 até abril deste ano, 251 foram em decorrência de gravidez ectópica – quando o embrião se desenvolve fora da cavidade uterina; 33 por gravidez molar – complicação que ocorre em duas ou três de mil gestações; 486 abortos espontâneos; cinco por complicações consequência de abordo por gravidez ectópica molar e 749 por aborto NE. Em relação a falha de aborto foi registrada uma internação em 2020.

Segundo o Ministério da Saúde, o Banco de Dados do Sistema DataSUS não abrange informações sobre aborto mal sucedido, já que na maioria das vezes a procura pelo serviço não cita a tentativa por medo da legislação brasileira, que considera ilegal a realização do procedimento fora dos casos citados.

Além disso, de 2020 até abril deste ano foram realizadas 6.603 curetagens pós abortamento puerperal, sendo 2.957 em 2020, 2.805 em 2021 e 841 em 2022. Já esvaziamentos de útero pós aborto por aspiração manual intrauterina (Amiu) foram feitos 259 nos últimos dois anos e meio, com 107 em 2020, 97 no ano seguinte e 55 de janeiro a abril deste ano.  

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