Pepsico perde R$ 500 milhões ao vender Mabel para a Camil

Foto: Google Street View
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A gigante multinacional Pepsico vendeu, nesta semana, a operação da fabricante de biscoitos Mabel após ter ficado dez anos com a empresa em seu portfólio. Não foi um bom negócio para a companhia americana, uma vez que as perdas com a operação foram de mais de R$ 500 milhões – e isso sem contar a inflação do período. “A ordem da Pepsico era sair rápido do negócio. Por isso, o preço foi tão baixo”, disse uma fonte próxima à operação Além disso, segundo outra pessoa próxima ao assunto, o interesse pela Mabel não foi muito forte no mercado.

O prejuízo de quase R$ 550 milhões foi revelado após a Camil ter divulgado ontem que pagou um total de R$ 152,8 milhões pelas empresas que controlam a Mabel. Dez anos atrás, quando a Pepsico entrou no negócio, o valor foi bem diferente: cerca de R$ 700 milhões, conforme mostrou reportagem do Estadão à época. Ou seja: a companhia recuperou pouco mais de 20% do que pagou.

A Mabel foi fundada por uma família de imigrantes italianos nos anos 1950 e, antes da venda para a Pepsico, em 2012, teve o fundo Icatu entre seus sócios. A saída da gigante americana, que ocorre agora, vem alguns meses depois da mudança de comando do segmento de alimentos da Pepsico no Brasil, que ocorreu em março

A decisão de sair do negócio, segundo apurou a reportagem, está relacionada ao fato de que seu foco voltou para o segmento de “snacks” funcionais – uma estratégia global que garante margens maiores do que os biscoitos da Mabel, que são mais baratos e considerados um produto de “combate”.

“As demais marcas da Pepsico acabam acessando todas as classes e, até por isso, nunca houve um interesse em transformar a Mabel em uma marca global”, explicou uma fonte. Além disso, o mercado de biscoitos no Brasil não tem crescido em volumes vendidos, deixando grande parte das fabricantes com alta capacidade ociosa

OCIOSIDADE

Um fato relevante divulgado pela Camil ontem também mostrou que a Mabel operava bem aquém de sua capacidade, com 40% das máquinas de fabricação de biscoitos paradas na maior parte do tempo. Hoje, a capacidade de produção da Mabel é de 110 mil toneladas por ano, mas só 66 mil toneladas estão saindo das linhas das fábricas da companhia.

Conforme informou a Camil, a receita líquida dos ativos atualmente é de R$ 421 milhões. Portanto, segundo o presidente da companhia, Luciano Quartiero, há espaço para dobrar o faturamento das sociedades, uma vez que já existe capacidade instalada para produzir o dobro do que foi produzido no último ano.

As empresas adquiridas detêm a fabricação de biscoitos das marcas Mabel, Doce Vida, Mirabel, Elbi’s e Pavesino. Fazem parte da transação as unidades industriais de Aparecida de Goiânia (GO) e Itaporanga D’Ajuda (SE), que têm hoje cerca de 800 trabalhadores. A venda ainda inclui um benefício extra à compradora: a transação estabeleceu o licenciamento para a Camil da marca Toddy para cookies pelo prazo de dez anos, além da aquisição dos ativos que compõem a linha de produção do rótulo para cookies.

PORTFÓLIO

A compra da Mabel veio em um momento de diversificação para a Camil. A empresa vem tentando ampliar seu portfólio e ganhar relevância na indústria alimentícia. Mais conhecida por cereais – especialmente, arroz e feijão -, a empresa recentemente entrou no setor de massas, por meio da aquisição da Santa Amália, há um ano. Também tem uma operação de pescados enlatados.

O fechamento da compra está sujeito à verificação de órgãos como o Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade).

Procurada, a Pepsico confirmou a venda da Mabel e afirmou: “O Brasil é um dos dez maiores mercados para a Pepsico e a companhia seguirá investindo fortemente, e agora com mais foco, para acelerar seu crescimento no País através das categorias de snacks salgados, aveia, água de coco e achocolatado pronto para beber e em pó (Toddynho e Toddy), nas quais detém importante liderança de mercado”.

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