Pressionado para voltar a Portugal, junto com quase toda a corte, o rei Dom João VI deixou o Brasil nas mãos de seu filho, o príncipe-regente Dom Pedro I. Era o ano de 1821. Mesmo sem querer, o Rei abriu caminho para a independência do Brasil. A prerrogativa era de que o jovem príncipe defendesse os interesses da coroa diante de qualquer inimigo.
Em 1808, a família real portuguesa desembarcou, como quem chega de mudanças ao Brasil. Isso porque Portugal estava prestes a ser invadido pelo líder militar francês Napoleão Bonaparte.
Apoiado pela Inglaterra, rival da França, essa foi a estratégia de Dom João VI para assegurar a soberania portuguesa: vir para sua colônia além-mar e proteger a vida da família real.
Ao longo dos 13 anos em que Dom João VI ficou no Rio de Janeiro, o povo português, lá em Portugal, enfrentou fome e sofrimento. Os lusos perderam meio milhão de habitantes, vítimas da miséria e das batalhas, além daqueles que deixaram Portugal em busca de melhores condições em outros países.
Revoltas frequentes exigiram a volta do rei à Lisboa. A Revolução Liberal do Porto, em 1820, foi decisiva.
Assim, ameaçado de perder o trono português, Dom João VI retornou à Lisboa em abril de 1821. Dois dias antes de embarcar, o rei disse ao príncipe-regente: “Pedro, se o Brasil se separar, antes seja para ti, que me hás de respeitar, que para algum desses aventureiros”.
Proféticas palavras que 1822 viria confirmar.