Guarulhos Hoje

Família denuncia morte de bebê por negligência médica no JJM

LUCY TAMBORINO

Maria Menezes

Bruna Souza Damasceno e Matheus Gabriel Santiago denunciaram o Hospital e Maternidade Jesus, José e Maria (JJM) por negligência médica após a morte do filho recém-nascido Léo Gabriel Santiago Damasceno.

Através das redes sociais, Santiago relatou a situação ocorrida na maternidade durante o trabalho de parto de Bruna. Segundo ele, a família deu entrada no hospital por volta das 13h do último dia 05. Internada, a mulher entrou em trabalho de parto por volta das 14h, induzido por cerca de nove horas.

“Ela foi induzida ao parto com a utilização de balão e soro. Daí em diante foi uma tortura atrás da outra. Me pediram para sair, pois não poderia acompanhá-la e, após 4h, me pediram para retornar pois as contrações estavam mais fortes. Às 22h, já com nove dedos de dilatação, a bolsa estourou. Ainda assim, minha esposa foi induzida, sofrendo. Por volta das 3h da manhã, após inúmeras tentativas mal concluídas, ela foi levada para a sala de parto para a realização da cesárea, que já havia sido pedida, já que ela estava sem forças. Ela chegou a desmaiar no pré-parto”, contou.

Santiago explica ainda que, mesmo após a aplicação da anestesia para a realização da cesárea, a equipe médica realizou a tentativa de um parto normal. “Então eles tentaram utilizar a fórceps e neste comento era utilizado tanta força que eu conseguia ouvir o barulho dos ferros batendo um no outro, até que eles resolveram, por fim, realizar a cesárea. Isso por volta das 4h. A equipe médica quebrou o dente dela durante a intubação”, completou.

Segundo as normas da Organização Mundial da Saúde (OMS), o primeiro parto pode ocorrer em até 12 horas, enquanto do segundo em diante, como é caso de Bruna, que já possui dois filhos além de Léo, é de 10h.

“Nunca na minha vida eu pensei em passar pelo o que eu passei. Das 19h até a hora em que minha bolsa estourou, às 22h, eu pedi para fazer cesárea pois eu não aguentava mais e ele não saía do meu estômago, eu não sentia ele abaixar e coroar e eles diziam que precisavam seguir os protocolos, mesmo o meu marido pedindo para assinar o que fosse para que aquilo acontecesse. Minha dor foi só aumentando e eu falei para o meu marido que não aguentava mais, não tinha mais forças. Até ir para a sala de parto eu desmaiei duas vezes. Eu apaguei de dor e acordei também pela dor”, conta Bruna.

Na sala de parto, já com anestesia local, Bruna autorizou a incisão para o nascimento normal. Apesar da força, as tentativas foram inválidas. Durante a realização da cesárea, após a aplicação da anestesia, Bruna relatou sentir o corte a laser e toda a realização da cirurgia, apesar de avisar a equipe médica do acontecimento. “Eles tentaram tirar o Léo, não conseguiram e pediram para que uma médica subisse em cima da minha barriga e empurrasse. Foi aí que ele saiu, acredito, pois após isso eu fui intubada e com isso arrancaram o meu dente da raiz e entregaram ele, inteiro, para o meu marido”, disse.

Com entrada na maternidade para viver um dos momentos mais felizes de sua vida, Bruna sente ter sido mutilada interior e exteriormente. “Fui para o hospital só para ter o meu filho e voltar para a minha casa, para os irmãos dele, para o meu marido e para um lar ainda mais feliz e saí de lá mutilada, porque, além dos pontos da cesárea, tenho outros na vagina e perguntei, inclusive, para o meu esposo se ele viu me costurarem, porque sinto ter pontos no ânus. Estou mutilada por dentro e por fora”, diz.

Durante a situação a família temeu, inclusive, a perda de Bruna. “Eles conseguiram tirar tudo de mim de uma única vez. Tiraram meu bem mais precioso, que era meu filho, uma criança que a gente esperou por nove meses, saudável, com 3,490 kg, um menino lindo, gigante. Me tiraram a alegria de poder trocar meu filho com as roupinhas que compramos, o qual eu tive que trocar em cima de uma mesa com ele todo gelado, que ainda tive que retirar de dentro de um saco. Eu fecho os olhos e escuto o barulho dos ferros e os meus gritos. Eu vou dormir e acho que estou em um leito de hospital. Eu só posso dizer que estou aqui porque Deus foi misericordioso com a minha vida”, completou.

Questionados sobre a situação, em nota, o JJM disse que receberá “nos próximos dias, a família para esclarecimentos”. A direção disse ainda que lamenta “a dor da perda, e após o relato dos pais faremos apuração de responsabilidades se o caso assim exigir”. Apesar disso, a família diz não ter sido contatada pelo hospital até o momento.

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