A inteligência artificial pode ser usada de diferentes formas a favor da educação, como para personalizar o ensino, corrigir provas ou fornecer um feedback mais rápido aos alunos. No entanto, ferramentas como o Chat GPT precisam ser usadas com responsabilidade para não prejudicar a educação.
Lançado pela OpenAI em novembro de 2022, o Chat GPT alcançou a marca de 100 milhões de usuários ativos mensais em dois meses. Só para se ter uma ideia da popularidade da ferramenta, a rede social Tik Tok levou nove meses para atingir esse número.
A plataforma, que funciona a partir de inteligência artificial, é capaz de responder perguntas, criar resumos, produzir textos e até compor músicas em apenas alguns instantes. O fascínio com a ferramenta foi tão grande que a Microsoft e o Google já estão integrando a tecnologia ao buscador.
O Brasil começou a sentir o peso do Chat GPT sobre a área de educação agora. No entanto, a questão já vem sendo alvo de preocupação nos Estados Unidos. A ferramenta conseguiu aprovação em exames da faculdade de Direito, o que acendeu o alerta para possíveis fraudes na área do ensino superior.
Como funciona o Chat GPT?
As soluções que usam inteligência artificial (IA) estão presentes em nossas vidas há algum tempo. A assistente virtual Alexa é um bom exemplo disso, assim como as legendas que o Youtube gera nos vídeos, a busca por imagens no Google ou mesmo o reconhecimento facial para autenticações.
O Chat GPT é uma ferramenta de IA treinada por humanos, ou seja, a inteligência artificial aprende a escrever corretamente em um determinado idioma, reconhecendo estruturas e regras. É por este motivo que a aplicação tem a capacidade de gerar textos parecidos com a escrita humana.
No entanto, o sistema de ensino precisa ter seus pilares reformulados para não ser prejudicado por esta nova tecnologia.
Impactos negativos do Chat GPT na aprendizagem
1 – Reduz o pensamento crítico e a capacidade de escrita
O robô pode escrever textos com alta qualidade em poucos instantes, basta que um humano dê um comando e pronto. Isso é negativo para os estudantes porque reduz a capacidade de ler, compreender, raciocinar, comparar e, enfim, formular um texto.
Muitos alunos, por falta de tempo ou preguiça, já usam a ferramenta para produzir trabalhos escolares e acadêmicos.
Logo, ao solicitar uma resenha crítica de qualquer livro ou filme, por exemplo, o robô é capaz de produzir o conteúdo de forma ágil e precisa. O mesmo vale para redações e até mesmo artigos acadêmicos.
2 – Contribui com a desinformação
Em muitos casos, o Chat GPT formula conteúdos com erros de informação ou com estilo textual genérico. Isso pode resultar no aumento da desinformação na internet, especialmente se as pessoas leigas passarem a acreditar 100% no conteúdo gerado pela ferramenta.
O Chat GPT leu toda a internet até o ano de 2021. No entanto, a partir desta data, ele não aprendeu mais nada. Logo, muitos conteúdos são gerados a partir de informações antigas e desatualizadas.
Outra questão preocupante na opinião dos professores é a falta de cuidado em mencionar as fontes consultadas para gerar os textos. O Chat GPT não fornece detalhes sobre onde encontrou a informação, portanto, não inspira confiança e pode resultar em um plágio.
3 – Pode substituir profissionais
Algumas ocupações estão em risco por causa do Chat GPT e demais ferramentas de IA. Isso pode dificultar a vida dos alunos na hora de escolher uma carreira e ser otimista no futuro profissional.
Redator, jornalista, designer gráfico, editor de vídeos e assistente jurídico são apenas algumas carreiras que terão que lidar com a automação de tarefas – e redução das oportunidades de emprego – daqui para frente.
Como os professores estão driblando o Chat GPT?
Assim que o Chat GPT foi lançado, professores de grandes universidades, como Fundação Getulio Vargas (FGV) e Escola Superior de Propaganda e Marketing (ESPM), começaram a pesquisar formas de como adaptar o plano de ensino e o método de avaliação em um mundo com esta tecnologia.
Em Nova York, algumas escolas baniram o uso da ferramenta de IA. No entanto, muitos professores não consideram que “remar contra a maré” é a melhor medida para otimizar o processo de aprendizagem.
Algumas atitudes para driblar os impactos negativos do Chat GPT na educação são:
Aplicação de provas escritas à mão
Sem saber muito bem como lidar com a nova tecnologia, as escolas públicas de Nova York estão aplicando provas escritas à mão para evitar colas. Com isso, os alunos são forçados a desenvolver competências de pensamento crítico e resolução de problemas.
Uso de detector de IA
Existem ferramentas capazes de identificar se um texto foi escrito por um humano ou por inteligência artificial. Uma das mais eficientes é a Copyleaks. Este recurso pode agilizar a vida dos professores na hora de corrigir os trabalhos enviados de forma digital.
Estímulo à autonomia
Não tem como fugir ou driblar a nova realidade tecnológica. Portanto, a melhor saída para os professores é estimular a autonomia dos alunos, mesmo se for o caso de consultar a nova ferramenta.
Os educadores podem, por exemplo, usar o Chat GPT como complemento para aprofundar os conhecimentos. O grande segredo é valorizar não as respostas, mas sim como os alunos elaboram as chamadas ou perguntas para o robô – os famosos prompts. Este método já vem sendo usado na China e deve funcionar por aqui também.
Os professores devem orientar os estudantes sobre como fazer uma boa pergunta ao Chat GPT. As principais recomendações são: fornecer contexto e ser claro e objetivo ao escrever.
Com uma abordagem capaz de estimular a autonomia, a escola vai continuar mantendo o seu papel de formar cidadãos capazes de analisar problemas, refletir sobre eles e apresentar as melhores soluções.
Com as ferramentas de inteligência artificial em alta, o papel das escolas deixa de ser apenas apresentar o conhecimento puramente teórico. Agora, o processo de aprendizagem tem o papel de aprimorar as habilidades de pesquisa, o pensamento crítico e a aprendizagem autônoma.