Esquecer não é normal e nem parte natural do envelhecimento, apesar de ser comum em idosos. A demência, uma condição que afeta o funcionamento cognitivo, como memória, linguagem, pensamento e habilidades sociais, é uma das causas de esquecimento, mas não é a única. Estresse, ansiedade, depressão, insônia, uso de medicamentos, lesões na cabeça, deficiências nutricionais e outras condições podem ser responsáveis pelo esquecimento.
A nutróloga e geriatra Mariana Carvalho explica que o termo “demência senil”, que era comumente usado, foi abandonado pelos profissionais de saúde por ter conotações negativas e estigmatizantes. “Atualmente, a demência é definida como um conjunto de sintomas que interferem significativamente nas atividades diárias da pessoa e pode ser causada por várias doenças, incluindo a doença de Alzheimer, a demência vascular e a demência com corpos de Lewy, que é a perda progressiva da função mental em pessoas com doença de Parkinson, por exemplo”, conta.
A demência envolve uma série de sintomas cognitivos e comportamentais que interferem significativamente na capacidade da pessoa de realizar atividades diárias. Esses sintomas podem incluir dificuldade em lembrar informações recentes, problemas de comunicação, alterações de humor e comportamento, dificuldade em realizar tarefas simples e outros problemas cognitivos.
Existem muitas causas de esquecimento que podem ser reversíveis. Algumas das causas mais comuns incluem:
- Deficiências nutricionais: deficiências de nutrientes como vitamina B12 e ácido fólico podem afetar a função cognitiva e a memória.
- Efeitos colaterais de medicamentos: muitos medicamentos podem afetar a memória como um efeito colateral.
- Depressão e ansiedade: transtornos mentais como depressão e ansiedade podem afetar a função cognitiva e a memória.
- Distúrbios do sono: a privação do sono pode afetar a função cognitiva e a memória. Tratar distúrbios do sono como insônia ou apneia do sono pode ajudar a melhorar a memória.
- Uso de drogas ou álcool: o uso excessivo de álcool ou drogas pode afetar a função cognitiva e a memória, mas em muitos casos a recuperação da memória pode ocorrer após a interrupção do uso de drogas ou álcool.
A idade avançada é um fator de risco para o desenvolvimento de demência, mas outros fatores, como genética, estilo de vida e doenças crônicas, também podem desempenhar um papel no desenvolvimento de sintomas. “É importante lembrar que as pessoas idosas devem ser tratadas com respeito e dignidade, independentemente da presença ou não de doenças cognitivas”, alerta Mariana.
Um estudo publicado no Journal of the American Medical Directors Association, em 2021, investigou o efeito da suplementação de vitamina B12 na função cognitiva em idosos com níveis baixos de vitamina B12. O estudo envolveu 300 idosos com idades entre 70 e 90 anos que tinham níveis baixos de vitamina B12 e foi randomizado, controlado por placebo. Os resultados mostraram que a suplementação de vitamina B12 melhorou significativamente a função cognitiva em comparação com o placebo, com maiores melhorias observadas após 12 meses de suplementação. “Esquecer não é normal e nem da idade, e pode ser tratado. O conhecimento e a conscientização sobre as causas do esquecimento podem ajudar a prevenir ou tratar problemas cognitivos não só em idosos, mas em pessoas de todas as idades e melhorar sua qualidade de vida”, conclui Mariana.