Trilhos do metrô aproximam mães e filhos no ambiente de trabalho

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“Sempre foi o meu sonho, mas nem imaginava chegar até aqui”, recorda-se Dulcineia Cristina do Nascimento, 42 anos, hoje operadora do metrô na Linha 5-Lilás, sob concessão da ViaMobilidade. Às vésperas do Dia das Mães, celebrado neste domingo (14), a colaboradora vive outra realização, que é trabalhar perto do próprio filho, Reynaldo do Nascimento, 23, que é agente de atendimento e segurança na mesma linha.

Dulcinéia é um dos casos em que mães e filhos se inspiram uns aos outros e agora trabalham na mesma empresa. A trajetória da operadora do metrô passou por quando era líder de limpeza na Linha 4-Amarela, operada pela ViaQuatro, há cinco anos. Em seguida, ela se tornou inspetora dos trens que operam no mesmo itinerário.

Estar mais perto dos trens fez crescer em Dulcinéia a vontade de operá-los, mas como a Linha 4 circula pelo sistema driverless (sem condutor), prestou processo seletivo para trabalhar na Linha 5, onde a cada dia tem o gosto de um sonho realizado. “Acho isso muito bonito e muito interessante, porque as mulheres estão mostrando que podem estar lá na frente. E para mim é muito gratificante pessoas, principalmente os portadores de deficiência, deixá-los no seu destino. Me sinto realizada”, comenta.

Moradora da Cidade Tiradentes, zona leste de São Paulo, Dulcineia incentivou Reynaldo a ingressar na ViaMobilidade. O agente trabalhava em uma rede de fast food, até que recebeu a notícia de sua esposa de que seria pai do pequeno Ravi. Dessa forma, o apoio para trabalhar ao lado dela veio de casa. “O pessoal pergunta e fala como é bacana ter uma mãe operando o metrô. E graças a Deus hoje estou aqui”, afirma.

Mãe de três filhos, Dulcinéia não descarta a possibilidade de ter mais um familiar operando a Linha 5, isso porque a caçula Vitória, de 18 anos, já admitiu o interesse em seguir seus passos. “Ela também tem vontade de ingressar no metrô. Ela quer ser psicóloga criminal, mas se surgir uma oportunidade, digo que podemos inscrever”, lembra.

Do Rio para os trilhos em São Paulo

De Miguel Pereira, cidade serrana situada a 53 quilômetros do Rio de Janeiro, Ana Jaloto, 43 anos, não esperava que até o início deste ano estaria trabalhando perto do filho, Guilherme Cuzatis Jaloto, 20 anos, também operador do metrô na Linha 5. Atualmente, ela trabalha como copeira na área administrativa no Pátio Guido Caloi, ao lado da Estação Santo Amaro.

“O Guilherme veio (para São Paulo) em busca de oportunidades e eu que o inscrevi (para prestar processo seletivo de operador do metrô) e ele conseguiu entrar. Mas eu ainda morava no Rio e queria vir aqui ficar perto dele. Então fiz algumas entrevistas, trabalhei como confeiteira e acabei conseguindo. Graças a Deus que está todo mundo junto”, explica Ana, que passou a morar em Osasco junto ao filho.

Guilherme opera o metrô à noite, das 18h45 à 0h, e das 4h40 à 6h45. Às vezes, antes de ir para casa, passa no Pátio Guido Caloi, onde pode tomar o café preparado pela própria mãe, que inicia o seu expediente. “Sempre falei para ela se inscrever e que a ajudaria a estudar. Aí ela foi tomando coragem e fez a inscrição para as vagas que apareceram e entrou para área administrativa. E isso é demais, porque a gente está sempre perto, às vezes quando saio do trabalho, passo pela Guido para vê-la, falar rapinho”, descreve.

Para o primeiro Dia das Mães trabalhando tão perto da mãe, Guilherme já pensa no presente que dará à Ana no próximo domingo. “Penso em a presentar com um perfume ou hidratante, porque ela gosta muito”, revela.

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