País registra recorde de estupros com 8 por hora

Bigstock
- PUBLICIDADE -
C&C

A cada hora, ao menos oito mulheres são estupradas no Brasil, segundo dados de 2022 reunidos pelo Fórum Brasileiro de Segurança Pública. Foram 74.930 casos registrados no ano passado, o maior número desde 2009, quando houve mudança na legislação sobre esse tipo de crime.

As estatísticas – coletadas pelos pesquisadores nas secretarias de segurança e divulgadas ontem revelam ainda que aproximadamente oito em cada dez vítimas de violência sexual têm menos de 18 anos. Os criminosos, na maioria dos casos, são parentes. Os feminicídios também registraram alta.

“É o maior número de estupros já registrado na história”, afirma Samira Bueno, diretora executiva do Fórum. Conforme a entidade, 10,4% das vítimas de violência sexual eram bebês e crianças de zero a 4 anos. Ao mesmo tempo, 17,7% tinham entre 5 e 9 anos e 33,2%, entre 10 e 13 anos. Ou seja, seis em cada dez vítimas eram adolescentes com no máximo 13 anos.

A taxa total de estupros subiu 8,2% ante 2021 e chegou a 36,9 casos para cada 100 mil habitantes. A maior alta foi justamente entre vulneráveis (8,6%), que correspondem à grande maioria das vítimas (56,8 mil).

Os Estados que tiveram maior aumento foram Amazonas (37,3%) e Roraima (28,1%), que tem também a maior taxa (114,1). Em números absolutos, São Paulo lidera a lista, com 12,6 mil casos notificados no ano passado.

Samira afirma que, quando o assunto é violência sexual, a primeira hipótese levantada sempre é a de as vítimas se sentirem mais encorajadas a falar: ou seja, quanto mais se fala sobre isso, mais pessoas denunciam. A pesquisadora não descarta que isso ajuda a diminuir a subnotificação, mas afirma que há outros fatores que indicam que está ocorrendo aumento na incidência desse tipo de crime.

“Quando há crescimento dos acionamentos do 190, dos crimes de ameaça, agressão, pedidos de medidas de urgência solicitadas e deferidas, tudo nos aponta para, de fato, um crescimento da violência contra mulher”, afirma.

Ela também aponta que o próprio perfil das vítimas indica que a alta histórica não se dá só por conta de um aumento das denúncias em decorrência de um maior empoderamento das mulheres. “São crianças muito pequenas, que muitas vezes nem são capazes de identificar ou reconhecer o abuso que estão sofrendo.” Os dados mostram que, em geral, os estupros possuem dinâmica intrafamiliar. “De todos os estupros no ano passado, menos de 10% aconteceram na rua”, diz Samira. l

- PUBLICIDADE -