Problema de legislação ou falta de sensibilidade? O que atrasa o processo de importação brasileiro?

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Boa parte de tudo o que é consumido no Brasil é oriundo de outros países e dependemos muito de parceiros comerciais para termos acesso a produtos prontos como frutas, pescados, nozes, trigo e centeio, passando por insumos para produção de medicamentos e partes de veículos automotivos, até cargas completas e prontas para uso, por exemplo. Itens relacionados a agropecuária, indústria extrativa e indústria da transformação são molas propulsoras para a economia brasileira e necessitam ser importados.

Mas, uma regulamentação vazia parece dificultar todo o trâmite para a chegada e distribuição de produtos ao Brasil. Além de inúmeros pontos a serem avaliados, como custos, segurança, prazo de entrega e tamanho da carga o importador precisa se atentar também, a maneira como os itens serão transportadas e muitas vezes contar com a boa vontade do agente que irá receber a carga.

Para Jackson Campos, especialista em Comércio exterior e diretor da AGL Cargo, coisas simples se tornam um empecilho e não só dificultam o processo, como atrasam a entrega e encarecem a carga resultando em aumento de preço para o consumidor final. “Alguém sempre precisa pagar a conta e todo os entraves durante o processo de logística acabam sendo repassados para a população, que é a ponta mais fraca” – alerta.

Campos exemplifica que na hora de acomodar as mercadorias muitas vezes o transportador inclui madeiras, ripas, isopor, plástico, entre outros itens para apoiar os pallets, de modo que eles fiquem mais bem posicionados dentro do container. O problema é que madeira não tratada, não entra no Brasil e mesmo que ela tenha sido usada para acondicionar a carga e não faça parte da mercadoria isso pode se tornar um problema. Por falta de sensibilidade por parte do MAPA, se ele não autorizar a remoção destas madeiras para que elas sejam destruídas é preciso devolver toda a carga resultando em prejuízo de tempo e dinheiro.

“Um olhar diferente dos órgãos reguladores, permitindo a simples destruição dos pallets seria o começo de um processo de renovação e diminuição de burocracia, facilitando investimentos estrangeiros, até porque muitas vezes, o importador não encontra soluções viáveis por conta da legislação e fica literalmente de mãos atadas, com a carga parada ou precisando levá-la de volta ao país de origem ou até outro ponto que permita a sua incineração” – pontua.

Desta maneira, é preciso ter um outro olhar para situações corriqueiras, como esta. Um ponto de reflexão trazido pelo especialista é que durante a pandemia do Covid-19 todos os pontos críticos foram analisados para evitar interrupção de produtos, insumos (medicamentos e vacinas). Em um momento de crise todos os gargalos foram identificados e todos os intervenientes do processo de importação trabalharam para que tudo acontecesse muito rápido, e a carga já chegasse liberada na alfândega, sem excesso de burocracia. “Neste período, foi notório o quanto a pandemia foi um catalisador de mudança na logística farmacêutica e eu sempre me pergunto: se deu tão certo com a vacina, por que não replicar para toda cadeia de medicamentos? Por que não contar com uma infraestrutura adequada para que tudo chegue aos consumidores de maneira mais rápida e com custos menores?”

Jackson Campos finaliza ressaltando a importância de uma logística inteligente para os próximos anos – com menos chance de falhas, sem burocracias, com mais processos e estratégias eficientes, a fim de manter um único objetivo:  oferecer insumos acessíveis para todos num curto espaço de tempo e com um excelente custo-benefício.

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