‘A Guarulhos que eu vejo é uma cidade que dá orgulho’

Rosana Ibanez

Desta forma o prefeito Guti definiu sua visão de Guarulhos. No comando da prefeitura há sete anos, Guti se prepara para finalizar o seu segundo mandato à frente da segunda maior cidade do Estado de São Paulo.

Para ele foram anos para superar grandes desafios. Uma alta dívida herdada de gestões anteriores, o rodízio de água que persistia há anos, ruas sem asfalto e outras que nunca receberam a iluminação pública, áreas que necessitavam de regularização, um alto número de comissionados que consumia boa parte do orçamento da prefeitura, entre outros.

Um balanço das ações realizadas e os projetos futuros, foram apresentados pelo prefeito ao HOJE em uma entrevista exclusiva. Confira abaixo os principais pontos da entrevista que pode ser conferida na íntegra no site do jornal (www.guarulhoshoje.com.br).

HOJE – Qual a sua visão de Guarulhos?

Prefeito Guti – Nós temos a segunda maior cidade do Estado de São Paulo e uma das 10 maiores do país. Eu vejo uma cidade maior que muitas capitais. Uma cidade que eu tenho muito orgulho. Então, para definir em uma singela palavra a Guarulhos que eu vejo é uma cidade que dá orgulho.

Qual a principal diferença da Guarulhos quando o senhor assumiu em 2017 para a que deixará no ano que vem?

Eu não vou conseguir entregar a cidade que eu quero entregar ou que o guarulhense merece. Isso sem falsa modéstia. Mas, eu entrego uma cidade muito melhor do que aquela que eu peguei e não tenho dúvida disso.

Quais as principais ações desenvolvidas ao longo do seu governo?

A população não tinha água, eram 92% dos guarulhenses que não tinham água todos os dias. Hoje temos água todos os dias em todas as ruas da cidade. O esgoto eram 2% tratados, estamos chegando a 40%.

Ter resolvido a questão da água é o grande legado da sua gestão?

Eu diria que a água, de maneira geral, é o grande legado que a gente deixa, não só pelo abastecimento, mas também pela questão das enchentes. Estamos fazendo uma grande obra de macrodrenagem do Baquirivu para resolver o problema de enchente naquela região.

Além desses problemas, quais outros foram solucionados durante o seu governo?

Tínhamos uma dívida de R$ 7,4 bilhões e agora estamos com um valor reduzido para R$ 1,5 bilhão. Reduziu muito? Bastante! Quase 80%. Ajustamos a casa e fizemos o que tinha que ser feito. Entregamos mais de 90% de todas as obras que estavam abandonadas em Guarulhos. Foram mais de 17 unidades educacionais. Não tem nenhuma obra da Educação que não tenha sido entregue. Na área da Saúde tem apenas uma obra que eu herdei que ainda não entreguei e isso me corrói, mas vou entregar até final do meu mandato que são os dois andares do Hospital Pimentas Bonsucesso que estão incompletos há anos. Eu preciso entrega-los para aquela população que tanto precisa e merece.

Como está a situação hoje?

Estamos tentando liberar os recursos, assim que essa fase passar abriremos o processo de licitação e conseguiremos entregar os dois andares em funcionamento. A minha meta é entregar antes de deixar a prefeitura.

É possível em um ano fazer isso?

Nós estamos batalhando. Em termos de engenharia é possível sim. O nosso maior problema é a burocracia para recebermos os recursos da Caixa Econômica. Em termos de obras o que falta é basicamente o acabamento, então em seis ou oito meses eu entrego em funcionamento. Meu desafio é conseguir receber o dinheiro para licitar, tendo a verba em três meses a licitação é concluída.

Ainda na área da saúde, como está a implantação do Hospital da Mulher?

É uma questão burocrática entre a Maternidade Jesus, José e Maria e o Governo do Estado. Nós só podemos auxiliar, já que não depende diretamente da prefeitura. Estamos fazendo gestão e cobrando, mas ainda não temos um norte sobre datas e obras. Agora depende de burocracias a serem vencidas pelo JJM em relação a pendências administrativas e jurídicas que não foram suplantadas.

Quais outras obras serão entregues até o final do seu mandato?

O Hospital Infantojuvenil de Guarulhos (HIG) entregaremos entre novembro e dezembro do ano que vem, pelo menos a maior parte dele. Há algumas Unidades Básicas de Saúde também. Teremos, ainda, dois pequenos hospitais veterinários públicos, sendo um na região central e o outro na periferia. Estamos definindo os locais, porém, são obras rápidas porque serão executadas através de parcerias. Nós licitaremos o prestador de serviços e ficará a cargo dele escolher os locais nas regiões pré-determinadas e fazer os hospitais funcionarem.

Tem algum projeto que o senhor idealizou e não vai conseguir realizar?

Tem coisa que a gente idealiza, mas não é nem falta de tempo ou de recursos, mas sim a lei, a burocracia que não permite. Eu vou te dar um exemplo. No meu primeiro mês como prefeito eu me frustrei e é quando você começa a entender como são as regras. Eu assumi e, como sou apaixonado por educação, porque acredito que é onde precisamos investir mais, comecei a olhar as contas da secretaria e vi o leite em pó que era entregue e o preço. Entrei em contato com um amigo meu que trabalha no setor supermercadista e perguntei o preço do quilo do leite Ninho e vi que se pagava o mesmo por um leite de marca inferior. Reuni a equipe e decidi que íamos comprar leite Ninho para todas as crianças e me explicaram que não era possível, isso porquê escolher a marca é caracterizado com direcionamento de licitação, então não podemos, temos que abrir o processo informando as qualidades do leite e não a marca que queremos. São coisas assim que queremos fazer o melhor, mas existe a burocracia. Tivemos que nos adequar.

Dentre as suas promessas de campanha alguma não foi cumprida?

Eu queria fazer um centro administrativo para acomodar todas as secretarias num prédio só, mas faltou recurso. Isso é uma frustração que eu tenho. Sempre quis ter um centro administrativo, mas não consegui. Há algumas obras de infraestrutura como ter o viaduto de Guarulhos que chegasse na rodovia Ayrton Senna, mas também não vamos conseguir.

O senhor acredita que falta a população, de uma maneira geral, entender que existem limitações?

Às vezes todo mundo diz que se fosse o prefeito faria um monte de coisas e se você fosse o prefeito não faria nada daquilo porque não pode. Tem muita coisa que você não pode fazer porque é um princípio básico: é dinheiro público, não é teu. Então, você tem uma série de regras. É diferente no setor privado.

Já tem planos para quando deixar a prefeitura?

Em 2025 eu ainda não sei. Vamos ver se tem algum convite que eu possa ser útil e ajudar, se não tiver nada vou investir em mim, fazer cursos, aperfeiçoar e evoluir. Já em 2026 pretendo ser candidato ao Congresso Nacional. Eu adoro administração pública e acho que é o que eu sei fazer de melhor, por isso não me vejo neste momento saindo da política.

Com relação ao sucessor ao Paço Municipal já tem um nome escolhido?

Estou definindo. Não temos o nome definido ainda e isso é fato, não estou escondendo o jogo. Precisamos alinhar entre mim, o governador Tarcísio de Freitas e o ex-presidente Jair Bolsonaro e nós estamos conversando sobre. A real direita, que é o que a gente vem reconstruindo, não pode ser dividida. Se dividirmos a esquerda vai ganhar. Isso é um fato. Então o meu maior desafio é esse agora, conseguir deixar todo mundo unido em um projeto só.

O que o guarulhense pode esperar do próximo ano o seu último à frente da prefeitura?

Que eu vou trabalhar com o mesmo afinco, o mesmo suor, dando o mesmo sangue que eu dei no primeiro dia do meu mandato até o último. Dia 31 de dezembro de 2024 eu vou estar com a mesma energia, com a mesma vitalidade e fazendo o meu melhor até o último segundo.

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