Além do Silêncio: Histórias de resiliência e Justiça contra a violência feminina

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A violência contra mulheres é uma mancha sombria que atravessa as páginas da história da humanidade. Uma mancha que insiste em não secar, pois a cada dia são acrescentadas novas histórias, novos nomes, novas vidas partidas. A cada mulher que sofre nas mãos da violência, a sociedade falha coletivamente, e a cada silêncio que se segue, ela falha novamente.
Entre tantos casos que chocaram a consciência coletiva e exigiram um veredito de justiça, o caso de Robinho se destaca não apenas pela notoriedade do réu, mas pela atrocidade do ato. A condenação que ecoou pelas cortes italianas e foi ratificada pelo STJ brasileiro é um marco não apenas jurídico, mas social, indicando que mesmo os dotados de talento e fama não estão acima das leis que regem a dignidade humana.
Atuando como assistente de acusação, vi-me diante de histórias que me desafiaram enquanto profissional e humano. Na busca por justiça, as vitórias que obtive não foram somente minhas ou das vítimas, mas da humanidade.
Adriana Cristina Pereira foi vítima de um horror doméstico, morta a tiros em seu próprio lar. O homem que ela conhecia como parceiro se revelou o mais perigoso dos inimigos. Com a condenação de seu assassino, espero ter trazido algum senso de paz ao espírito de seus familiares e um aviso claro à sociedade de que a violência doméstica não será tolerada.
Denise Quioca era uma mulher dedicada à lei, uma delegada cujo compromisso com a justiça terminou tragicamente nas mãos de quem um dia compartilhou sua vida. Em uma madrugada de dezembro de 2010, o 1º DP de Guarulhos se tornou o cenário de um desfecho horrível. A notícia de seus disparos reverberou pelas ruas como um grito por justiça, e no final, após uma batalha legal árdua, seu agressor foi condenado. A justiça que ela defendeu em vida finalmente falou por ela na morte.
O assassinato de Bianca Ribeiro Consoli foi particularmente pungente, pois veio das mãos de seu cunhado. A luta pela justiça foi pautada pela dor, mas também pela firmeza em buscar a punição adequada. Ao conseguir a condenação do culpado por estupro e homicídio triplamente qualificado, espero ter enviado uma mensagem inabalável: a violência, em qualquer forma, encontra seu fim na lei.
A jovem Gabriela Regattieri Chermont, então com 19 anos, teve seu futuro abruptamente cortado, deixando um vácuo de desespero para sua família e amigos. A estudante foi agredida e lançada de um prédio por Luiz Cláudio, seu ex-namorado. A luta contra o tempo e o esquecimento culminou na condenação do criminoso.
Maira Cintra Soares foi outro nome que gravou-se no livro da violência contra a mulher, quando seu próprio pai, Frederico Carneiro Soares, foi acusado e condenado por seu assassinato. As nuances do caso revelaram um tecido de ganância e uma falha grotesca na moralidade humana. Conseguir sua condenação foi um tributo à vida dela e um claro repúdio à violência em todas as suas formas.
Ana Dalva Garcia foi submetida a uma série de atos libidinosos e morta por seu sobrinho Marcos Geraldo da Silva. Nas sombras dessa tragédia, a justiça foi buscada e, após uma árdua batalha no tribunal do júri, consegui sua condenação.
Quando enfrentei o ex-grão-mestre da Glesp, João José Xavier em uma hercúlea batalha judicial, não foi apenas um homem que estava lá, mas a sombra de uma instituição que foi maculada por seus atos. A condenação por crimes de cunho sexual, veio não apenas como uma punição, mas como uma afirmação da integridade e respeito que esperamos de todos, independentemente de seu status.
Cada um desses casos é único em sua complexidade e horror, mas todos eles compartilham uma narrativa comum de luta pela justiça.
Que cada caso lembrado e cada criminoso condenado nos mova coletivamente em direção a uma sociedade mais justa, onde a violência seja relegada ao passado e o respeito e a compreensão sejam a norma, e não a exceção.

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