Os profissionais do Hospital Estadual da Mulher de Goiás (Hemu) que ficaram responsáveis pelo acompanhamento médico da adolescente de 13 anos grávida, vítima de estupro e que teve o procedimento do aborto negado pela Justiça, estão sofrendo pressão por parte do pai da menor, seus advogados e representantes de movimentos religiosos.
A situação está em um estado tão critico que os enfermeiros não saem mais pela porta da frente do hospital, apreensivos com medo de serem agredidos verbalmente ou constrangidos por manifestantes contrários ao aborto.
Segundo relatos, o pai da adolescente e seus advogados pressionam para acompanhar todo o processo presencialmente, até mesmo as consultas de rotina.
Em uma das ocorrências diz que a garota gostaria de entrar sozinha na consulta para conversar com a médica, o pai e os advogados no entrando pressionaram e conseguiram entrar no consultório e permaneceram ao lado da menor durante todo o procedimento.
De acordo com os funcionários na unidade, essas situações vem ocorrendo frequentemente, sempre que surge uma adolescente gestante, vítima de violência sexual e por isso teriam direito ao aborto legal. O Hemu é um hospital público e especializado no atendimento à mulher onde geralmente são realizadas as interrupções de gravidez por estupro.
Entenda o caso:
A gravidez foi denunciada pelo Conselho Tutelar logo após ela procurar uma unidade de saúde e relatar a gestação. Segundo informações, a menina estaria se relacionando com um homem adulto e teriam se encontrado algumas vezes em janeiro deste ano. Conforme diz o artigo 217 do Código Penal “aquele que tiver qualquer tipo de relacionamento amoroso com alguém que não tenha completado 14 anos, está sujeito a ser responsabilizado pelo crime de estupro.’
Enquanto a jovem lutava para conseguir a autorização judicial da interrupção da gravidez, seu pai entrou com um pedido também na Justiça para que a autorização de aborto fosse negada, e a solicitação do homem foi acolhida. No momento, sem autorização dos responsáveis e com a gestação da mesma chegando à 20ª semana, o Hospital Estadual da Mulher foi legalmente impedido de realizar o procedimento na adolescente.