Guarulhos Hoje

MP e polícia investigam Lucas Sanches; ex-chefe de gabinete confirma esquema

Bruno Netto/CMG

Vítima de atentado ocorrido no último dia 5, quando foi gravemente ferido numa tentativa de homicídio em frente à padaria São Bento, em Guarulhos, Caíque Marcatt, ex-chefe de gabinete do vereador Lucas Sanches, candidato a prefeito pelo PL, voltou a fazer graves denúncias contra ele nessa quarta-feira, durante entrevista coletiva que concedeu à imprensa da cidade.

“Se alguma coisa acontecer comigo, com a minha família ou meus amigos, esse sangue está na mão do Lucas Sanches, do Santiago (vereador do PL de Itaquaquecetuba), do Luciano Jack e do Anderson Araújo. Esses foram os responsáveis por todas as ameaças que eu, minha família e o Valdir Pimenta sofremos”, afirmou.

Marcatt foi durante mais de três anos chefe de gabinete e seu principal homem de confiança, numa amizade que nasceu quando os dois militavam no MBL. A parceria era tanta que, em 2020, Marcatt abriu mão de sua candidatura à Câmara Municipal para apoiar Lucas. Em troca, ganhou o comando de parte do gabinete.

No entanto, segundo afirmou, a relação chegou ao fim quando foi convidado por membros do PL, inclusive pelo próprio vereador, para assumir os crimes cometidos durante o mandato e blindar Lucas de possíveis acusações do Ministério Público. Na ocasião, o gabinete já estava sendo investigado, a partir de denúncias, pela prática de rachadinhas, quando assessores são obrigados a devolver parte de seus salários ao titular do mandato.

Ao não aceitar participar do esquema, há cerca de três meses, passou a sofrer retaliações do grupo de Sanches, sempre seguindo a orientação de Santiago, culminando no rompimento entre os dois. De acordo com Marcatt, as primeiras ameaças tiveram início logo após ele se negar a assumir os crimes cometidos no gabinete de Lucas. “A primeira ameaça foi a retirada da minha legenda como candidato a vereador. Tanto que não fui convidado para participar da convenção”, realizada no final de julho.

A partir de então, a situação teria se agravado. Caíque contou que até mesmo sua família também passou a ser alvo das ameaças do vereador. “Foram 4 anos dedicados a ele e ao projeto político para que ele pudesse ter condições de ser candidato a prefeito hoje pelo PL. E ele simplesmente fez essas ameaças, começou a ameaçar meu sogro, minha esposa, e a coisa foi só escalando”, disse.

A situação se tornou insustentável no último dia 5 quando ele, ao lado do jornalista Valdir Pimenta Junior, que também rompeu com Lucas, foi covardemente atacado em frente à padaria São Bento, na avenida Guarulhos. Três homens atacaram os dois, deixando-os gravemente feridos. “O monitoramento mostrou que havia dois carros passando aqui na Câmara duas horas antes do crime, um T-Cross preto e o Kwid branco, que hoje está apreendido no 5º Distrito Policial”. Logo após a tentativa de homicídio, em vídeos divulgados na internet, tanto Caíque como Pimenta acusaram Lucas Sanches de ter participado do crime.

“A tentativa de homicídio é simplesmente por queima de arquivo. Porque se eu morresse e os crimes fossem imputados a mim, eles estariam protegidos”, afirmou Marcatt.

Marcatt revelou como ocorriam as rachadinhas

Marcatt explicou que as rachadinhas realizadas por Lucas Sanches somavam cerca de R$ 18 mil mensais. “Renderam mais de meio milhão de prejuízos aos cofres públicos”, afirmou o ex-assessor, que nega ter participado do esquema. O ex-chefe de gabinete contou que duas pessoas organizavam as rachadinhas, sendo um homem e uma mulher. Segundo ele, quando o MP iniciou a investigação para apurar essas supostas irregularidades, o vereador exonerou ambos os assessores. “Entre os crimes cometidos pelo vereador Lucas Sanches em seu gabinete, existem os crimes de cargos fantasmas, peculato e rachadinha”, afirmou.

Apesar de ser chefe de gabinete de Lucas, Marcatt garante que não conhecia os funcionários, e que inclusive questionava o vereador sobre suas ausências no local de trabalho. “Cadê essas pessoas que não vêm trabalhar?”, teria dito o ex-assessor, sempre ficando sem resposta, segundo contou.

Durante a coletiva de imprensa, Caíque foi questionado sobre as provas de tudo que ele denunciou. “A polícia tem que pegar o sigilo bancário e telefônico do Lucas e fazer a investigação. Eu posso apontar tudo o que aconteceu, mas provar, cabe a Justiça. Eu não sou investigador”, afirmou, dizendo que conta com documentos que poderá liberar para a imprensa, caso seu advogado permita.

Além de Lucas, o candidato a vereador pelo PL Carlos Santiago, apontado por Caíque como o braço direito de Valdemar Costa Neto em Guarulhos, e Anderson Araújo, filho de Mossoró, Cícero Araújo, que já foi líder de perueiros e de lotações em Guarulhos, também teriam participado dos esquemas e da tentativa de homicídio do dia 5.

Lucas Sanches aumentou em mais de cinco vezes patrimônio em 4 anos como vereador

Quando se candidatou a vereador em Guarulhos em 2020, Lucas Sanches, que dizia ter apenas uma bicicleta e um carro velho, apresentou em sua declaração de bens à Justiça Eleitoral, um patrimônio total de R$ 81.600,00. Neste ano, para se candidatar a prefeito, ele disse dispor de R$ 430.500,00, um valor mais de cinco vezes maior. Os dados podem ser consultados no site DivulgaCand, que apresenta informações de todos os candidatos.

“Lucas fez a declaração de bens como se tivesse guardado 100% do salário como vereador, sendo que hoje ele tem apartamento, carro blindado, tem todo um custo de campanha. Como que alguém conseguiu guardar 100% do salário, sendo que ele não tem nenhuma outra fonte de renda?”, afirmou Caíque Marcatt, durante a coletiva.

Em 2020, como candidato a vereador, Lucas Sanches declarou que tinha apenas um Ônix 2013 no valor de R$ 31 mil. Hoje, tem um automóvel, que não revelou qual, no valor de R$ 131 mil. Os R$ 50,6 mil que tinha guardado numa conta do Itaú quatro anos atrás se transformaram em R$ 67 mil depositados em duas contas de bancos que não revelou agora. Fora o novo carro e o dinheiro, o vereador do PL tem ainda um apartamento declarado no valor de R$ 232,5 mil. 

Tudo isso, ele teria conseguido com o salário de vereador, que atualmente está fixado em R$ 17.492,90, fora os descontos. No site da Câmara Municipal, consta que ele recebeu R$ 12.919,44 com os descontos.

Tentativa de homicídio ocorreu no meio da rua no último dia 5

No último dia 5 de agosto, por volta das 18h, Caíque e Pimenta foram espancados em frente à padaria São Bento, na Vila Augusta, em Guarulhos, na região onde fica a Câmara Municipal.

Pouco antes, ambos se envolveram numa discussão na galeria do Legislativo e foram ameaçados por Anderson Araújo, filho de Cícero Araújo, conhecido como Mossoró, que atua na campanha de Sanches.

Em boletim de ocorrência por ameaça registrado no 5º DP de Guarulhos logo após deixarem o Legislativo e antes de se dirigirem à padaria, os dois relataram que estavam sendo perseguidos pelo grupo do candidato do PL. Na frente da padaria, conforme mostraram câmeras de monitoramento, Marcatt e Pimenta foram agredidos no meio da rua por três homes, um deles armado com um pedaço de pau. Os dois ficaram muito feridos.

Antes mesmo de serem socorridos, postaram vídeos afirmando: “Foram quatro caras, integrantes do PL que nos agrediram com pedaços de pau. É um absurdo, estou sangrando aqui’, desabafou Pimenta, sentado no chão na entrada da padaria.

Caíque foi além e citou os nomes de quem teria sido responsável pelas agressões. “O pessoal do Lucas Sanches cumpriu com a promessa deles de me agredir, de me atacar. Me pegaram, pegaram o Pimenta. O Anderson, o Santiago, todos esses covardes que me ameaçaram, que ameaçaram o Pimenta, cumpriram a promessa. Lucas Sanches fazendo uma coisa dessas, com uma pessoa que foi chefe de Gabinete dele por três anos”, afirmou também em vídeo.

Vendedor preso confessou ter sido o agressor em Guarulhos

O vendedor Matheus Henrique Barbeiro Garreti Marinho, de 31 anos, foi preso na segunda-feira, dia 12, por policiais civis de Guarulhos, em Arujá. O veículo utilizado no crime, conforme mostraram câmeras de monitoramento, um Renault Kwid branco, levou os policiais a localizarem o acusado, que estava em uma loja de carros no Jardim do Trevo, em Arujá.

Não houve reação à abordagem policial. O acusado teve o celular apreendido. A perícia do celular é considerada uma das peças chaves do caso, que poderá, inclusive, chegar aos mandantes do crime. Segundo apurou o Guarulhos Hoje, Matheus admitiu ter participado das agressões, mas depois que seus advogados chegaram à delegacia assumiu o crime, alegando que foi motivado por uma briga de trânsito, após ser fechado pelo carro de Caíque.

No entanto, câmeras de segurança revelaram que o mesmo carro circulava pela região da Câmara Municipal, onde estavam Caíque e Pimenta, duas horas antes do crime, sempre acompanhado de um T-Cross preto, que também teria envolvimento com a tentativa de homicídio.

Matheus teve a prisão temporária decretada pela juíza Patrícia Padilha, da Vara de Plantão do Fórum de Guarulhos. A prisão foi representada pelo 5º Distrito Policial. Ele ficará preso por 30 dias, podendo a autoridade policial solicitar a prisão preventiva durante as investigações por tempo determinado.

Resposta da assessoria jurídica de Lucas

Sobre as graves acusações feitas pelo senhor Caique Marcatt a respeito de Lucas Sanches (PL), na tarde dessa quarta-feira (21), é importante esclarecer que: O corpo jurídico da campanha de Sanches à Prefeitura de Guarulhos-SP vai adotar as medidas judiciais cabíveis. Importante ressaltar que, como as ilações foram feitas depois de 16/8, data de início da campanha eleitoral, a conduta de Marcatt pode ser configurada como crime eleitoral, resultando em ação penal pública incondicionada. Afinal, não é possível ignorar a possibilidade de Marcatt estar atacando a honra de Sanches visando fins eleitorais.

Dia após dia, este rapaz tenta emplacar fake news contra Sanches. Tudo o que ele tem feito e falado será levado à Justiça, para que por lá ele responda por seus atos, posicionamentos e acusações levianas.

Marcatt parece ter obsessão em desqualificar Sanches, para quem, até pouco tempo, devotava lealdade. Ou, infelizmente, pode estar se prestando ao papel de linha auxiliar de adversários políticos de Sanches, que temem seu crescimento nas pesquisas de intenção de voto.

Em pararelo às tratativas tomadas por seu corpo jurídico face ao descontrole e à irresponsabilidade de Marcatt, Sanches, por sua vez, continua nas ruas, apostando no corpo a corpo com a população, realizando uma campanha limpa e com propostas. Para cada ataque; uma proposta. Para cada fake news, calúnia e difamação; a verdade e a lei.

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