Tipos de dor: Quando devo me preocupar?

Andrea Piacquadio/Pexels
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A dor nem sempre é uma sensação simples. Além de física, ela também é um evento sensorial e emocional desagradável para o organismo humano. Em muitos casos, pode ser um alerta de extrema importância para a saúde. Em casos crônicos, por exemplo, ela pode indicar doenças. Por essa razão, é importante estar atento aos sintomas e aos pontos preocupantes. Afinal: você saberia identificar quando a intensidade da sua dor pode ser motivo de atenção?
 

Globalmente, estima-se que 1,5 bilhões de pessoas (uma em cada cinco) sofra de dores crônicas, com prevalência maior em pacientes com idade mais avançada. No Brasil, de acordo com a Sociedade Brasileira de Estudo da Dor (SBED), ao menos 37% da população, ou seja, cerca de 60 milhões de pessoas, relatam sentir dor de forma crônica.


“Chamamos de crônica a dor persistente, que incomoda o paciente por meses ou, até mesmo, anos”, explica o Dr. Marcelo Valadares, neurocirurgião, médico do Hospital Israelita Albert Einstein (SP) e pesquisador da Disciplina de Neurocirurgia da Faculdade de Ciências Médicas da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp). De acordo com o especialista, não é normal sentir dor por mais de três meses. “Neste caso, ela pode indicar doenças sérias e, por isso, precisa de investigação. Se não tratada, pode levar a outros problemas que antes não existiam, como: alterações no comportamento motor, redução de atividades (tendência ao sedentarismo) e fadiga, além de prejudicar a ergonomia”, alerta.


Para o médico, é preciso escutar o paciente, antes de qualquer intervenção. “É essencial trazer conforto a essas pessoas com agilidade, permitindo que o paciente retome suas atividades cotidianas e sempre buscando uma resposta positiva, permanente e duradoura no tratamento. Cada indivíduo interpreta sua dor de uma forma diferente. Como profissionais da saúde, é nosso dever escutá-lo e acolhê-lo, pois todos merecem cuidados. Se o incômodo persiste há muito tempo, está certamente na hora de procurar alternativas”, afirma o Dr. Valadares.


Dor crônica e dor aguda


Enquanto algumas dores são passageiras, outras podem se perpetuar por semanas, meses ou, até mesmo, anos. O neurocirurgião esclarece que, por definição, a diferença entre dor crônica e dor aguda está no tempo. Enquanto a dor crônica deve durar mais de três meses para ter este nome, a aguda costuma ser pontual, podendo evoluir para um quadro crônico. Entretanto, as causas podem ser as mesmas.


“Quadros de dor crônica podem se perpetuar por meio das modificações do sistema nervoso, ou seja: a dor mantida pode levar a dores que não melhoram, mesmo que a causa seja removida”, ressalta.


Formas de tratamento


Ao tratamento, que é chamado de plano terapêutico, existem três considerações importantes pontuadas pelo especialista em dor. “Em primeiro lugar, é preciso alinhar as expectativas do paciente com a possibilidade de resultado diante do problema. Depois de investigar a causa do problema de origem, é necessário entender o mecanismo que fez surgir a dor para que seja possível intervir na sua origem. Por fim, traçamos uma análise do que já foi feito até o momento. Muitos pacientes que buscam tratamento já consultaram diversos profissionais e foram submetidos a tratamentos anteriores”, reitera o médico.


Nos quadros de dor crônica, principalmente, o tratamento é multidisciplinar e pode ser longo. Envolve, além de avaliação médica adequada, outros tratamentos paliativos para reabilitação física como fisioterapia, acupuntura e pilates, por exemplo.


Muito frequentemente, segundo ele, são utilizadas medicações. Porém, existem outras opções para casos em que os fármacos não são mais adequados ou suficientes, como os bloqueios de nervos e infiltrações anestésicas, cirurgias pouco invasivas por vídeo e cirurgias percutâneas, ou seja, sem a necessidade de uso de bisturi.

Com os avanços da ciência, atualmente, é também possível pensar em tratamentos de estimulação cerebral para a dor. “Os procedimentos de neuromodulação (estimulação) cerebral ou medular, quando bem indicados, podem ser um excelente tratamento para a dor crônica em casos muito complexos e que já tentaram diversos tratamentos, com médicos diferentes. É preciso que a dor do paciente tenha algumas características que demonstrem acometimento de nervos ou do sistema nervoso, como as lombalgias (dores na região lombar) após cirurgias de coluna”, pontua o neurocirurgião.


Outros tipos de dor


Além das mais conhecidas (crônica e aguda), existem outros tipos de dores, como:

  • A dor neuropática, como explica o Dr. Marcelo Valadares, pode ser incapacitante, acometendo pacientes com diabetes mellitus e outras doenças. “A neuropatia ocorre em áreas ou órgãos envolvidos em lesões ou doenças neurológicas, quando o Sistema Nervoso Central ou periférico causa sensações como formigamento, queimação, adormecimento e choques”, complementa;
  • A dor disruptiva, por sua vez, pode ser mais intensa do que a crônica, rompendo a barreira de alívio promovida pelo analgésico;
  • A nociceptiva está ligada à inflamação ativa e acontece quando existem danos relacionados à lesão de tecidos ósseos, musculares ou ligamentos, como uma contusão, um corte ou uma queimadura;
  • A idiopática é um tipo de dor sem causa definida, na qual não existem evidências de doença ou causa psicológica;
  • A somática tem origem nos tecidos superficiais e da periferia do corpo;
  • Por fim, “dor psicossomática” é um termo raramente utilizado, definindo casos nos quais não existe uma causa orgânica para o quadro.
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