Tropinha de Elite: projeto amplia interação das crianças com a PM

Gabriela Pereira/Governo do Estado de SP
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Bastou uma viatura entrar pelo portão principal da sede da 2ª Companhia do 21º Batalhão da Polícia Militar do Interior (BPM/I) para que os olhos de Louise começassem a brilhar. Moradora do distrito de Vicente de Carvalho, no Guarujá, a menina, de apenas 5 anos, é fã da Polícia Militar e faz questão de mostrar sua admiração. “Olha lá”, apontava ela com uma das mãos para indicar a chegada dos policiais, enquanto a outra puxava o braço da vó para chamar atenção.
Foi na Tropinha de Elite que Louise, que sonha em ser uma policial da Cavalaria, pôde se tornar “cabo” e conhecer mais sobre seus amigos de farda.

“Sempre gostei do trabalho desenvolvido pelas polícias, e esse carinho passou para ela. Antes, quando via uma viatura, ela falava que eram meus amigos. Depois que começou a cumprimentar os policiais, eles passaram a ser nossos amigos, e agora ela fala que são os amigos dela”, conta a vó de Louise, dona Mel, que completou 63 anos na última segunda-feira (9) e ganhou de presente a tropinha reunida.  “É um prazer ver essas crianças aqui no meu aniversário”, diz.

Projeto começou em 2019

Idealizada pelo Sargento Dias, a iniciativa começou em 2019 e hoje reúne crianças de diversas cidades do litoral sul para aprenderem muay thai e atividades ligadas à rotina militar. Além disso, mensalmente os pequenos fazem visitas em unidades da Polícia Militar. Em comum, todos eles têm um desejo: o de ser policial.

“O Gustavo, que hoje tem 7 anos, foi o primeiro participante. Soube que a família estava rifando uma batedeira para comprar uma farda para ele e consegui, por meio de um amigo empresário, dar uma de presente. Depois dele, outros pais começaram a me procurar, e assim o projeto começou”, explica o sargento, que faz questão de deixar claro “que a criança precisa querer, não só ir por obrigação”. 

O “tenente” Daniel Mathias, de 12 anos, foi o segundo a chegar na tropinha. Ele conta que lá aprendeu a “não fazer coisa errada” e “sempre estudar”. Ele quer ser um policial do Batalhão de Ações Especiais da Polícia (BAEP), unidade que o presenteou com sua primeira farda. “Os aniversários dele são sempre no BAEP. Ele abre mão até mesmo de festa em casa”, conta a mãe, Michele. 

Gratidão pela PM

A família tem carinho e gratidão pela Polícia Militar por conta da ajuda que recebeu após perder a casa em um desabamento, em 2000. “Perdemos tudo e a PM nos ajudou a  construir de novo a nossa casa”, lembra Michele, com os olhos cheios de lágrima. “É difícil segurar a emoção”, desabafa. Célio, seu marido, também apoia o desejo do filho e lembra que a tropinha “interage com a comunidade” e envolve até mesmo os pais, “que participam indiretamente quando levam os filhos nas aulas”. 

Cada criança possui uma patente, que é escolhida assim que começa no projeto. Conforme se desenvolvem e mostram que aprenderam os valores ensinados durantes as atividades, como obediência aos pais, respeito e compromisso, os “policiais mirins” vão subindo de cargo. “Quem chega atrasado, por exemplo, tem que fazer polichinelo”, explica Lorena, de 9 anos, que quer ser policial e bióloga marinha. Já a irmã Cecília, de 5, quer ser bombeira, a exemplo do pai, o cabo Cristiano, que está há 17 anos na corporação. 

“Acredito que o fato delas verem a minha profissão influenciou. Eu não falo muito sobre as ocorrências, mas às vezes elas veem na televisão”, conta o pai das meninas, que estão na tropinha desde 2022. “A iniciativa é interessante porque mostra a afetividade dos policiais com as crianças, que têm exemplos bons a serem seguidos e aprendem sobre o que é correto”, completa.

Na vida de Enzo, de 5 anos, e de Fernanda, de 8, a tropinha também vem fazendo a diferença. Os dois irmãos são autistas, com nível um de Síndrome de Asperger. “A tropinha é um divisor de águas na vida dos meus filhos, uma grande ajuda em relação às terapias. Eles estão aprendendo melhor sobre autoridades, sejam elas militares ou de pai, mãe ou avôs, e sobre limites”, comemora a mãe Juliane. 

As atividades são realizadas na sede da 2º companhia do 21º BPM/M, comandada pelo capitão Freire, que liberou o espaço da unidade logo quando soube da ideia. “Sempre que trazemos a comunidade para a Polícia Militar é positivo. O quartel é para a sociedade, e quando é um projeto social bacana, que vai promover essa interação, a gente sempre vai estar à disposição.”

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