EXCLUSIVO: Duas argentinas moram no Aeroporto de Guarulhos há mais de 50 dias

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Hollywood já mostrou algo assim. No filme “O Terminal”, Viktor Navorski, personagem vivido por Tom Hanks, é um cidadão da Europa Oriental que viaja rumo a Nova York justamente quando seu país sofre um golpe de estado, o que faz com que seu passaporte seja invalidado. Ao chegar ao aeroporto, Viktor não consegue autorização para entrar nos Estados Unidos. Sem poder retornar à sua terra natal, já que as fronteiras foram fechadas após o golpe, ele passa a improvisar seus dias e noites no próprio aeroporto, à espera que a situação se resolva. Porém, com a situação se arrastando por meses, Viktor permanece no aeroporto e passa a descobrir o complexo mundo do terminal onde está preso.

Agora, no mundo real, duas mulheres da Argentina estão morando no Aeroporto Internacional de Guarulhos há mais de 50 dias. Beatriz Patricia Maestri, de 75 anos, e sua filha, Patricia Sartorio, de 51 anos, estão dormindo em cadeiras, sem ter seus cuidados de higiene básica, sem comida e nem medicamentos. Segundo elas, isso aconteceu depois de terem sido roubadas durante sua viagem ao Brasil.

O HOJE foi até ao aeroporto e conversou com elas, pessoalmente, para entender o motivo delas estarem vivendo em uma situação precária por todos esses dias. Confira o relato:

Era para ser uma viagem divertida, que resultasse em boas memórias quando voltassem para casa, em Buenos Aires, mas acabou virando um pesadelo na vida de Beatriz e Patrícia. Tudo começou quando as duas se juntaram com um grupo de amigos, cerca de 25 pessoas, para conhecer o Brasil. Para isso, começaram pelo Sul e depois seguiram por outros estados até chegarem em Minas Gerais, que era o destino de maior interesse das duas. Após conhecerem as belezas mineiras, a dupla resolveu vir para São Paulo para voltar a Argentina, se separando dos amigos.

Já no Sudeste e com as passagens de avião em mãos, Beatriz e Patricia ficaram em um hotel, aguardando o momento de sua volta para casa. Segundo elas, o dono do estabelecimento pediu um carro de aplicativo até o Aeroporto Internacional de Guarulhos para que elas pudessem embarcar. A princípio, tudo parecia bem, elas entraram no carro indicado no aplicativo e seguiram viagem. Porém, foi nesse momento que tudo desandou. A mãe e a filha contam que o motorista parou o veículo, mandou elas descerem, deixarem os seus pertences no carro e foi embora. “Nós sofremos um assalto e levaram nossos itens materiais. Por sorte, não nos machucaram”, relata Beatriz. Após serem abandonadas no caminho, sem roupa, dinheiro ou documento, as duas tiveram que caminhar até ao aeroporto.

Após o roubo a dupla ficou sem reação. Patrícia conta que quando chegaram ao aeroporto já era noite, sentaram em algumas cadeiras e ficaram lá cerca de três dias tentando entender tudo o que tinha acontecido. Passados os dias, a mãe e a filha disseram que foram em busca de ajuda no terminal e na polícia.

Procurada pelo HOJE, a GRU Airport informou, em nota, que notificou o Posto Avançado de Atendimento Humanizado da Prefeitura de Guarulhos, localizado dentro do aeroporto, sobre a presença das duas estrangeiras. Porém, as duas seguem na mesma situação. “Estamos em um lugar estranho, frequentado por turistas, por trabalhadores, por pessoas que entram e saem, sem saber o que vamos fazer. Estamos em uma condição traumática, por uma experiência que não estávamos preparadas. De um momento para o outro, estamos passando frio, fome, em um ambiente com luz artificial 24 horas por dia”, relata Beatriz.

Com o passar das semanas, os funcionários notaram que algo estava errado e ofereceram ajuda. Beatriz e Patricia conseguiram ter acesso a comida, banho, medicamento e roupa. Tudo é ofertado pelos funcionários, que se comoveram com a situação. Além disso, também foi com ajuda deles que a dupla conseguiu se comunicar com o Consulado Argentino que coletou as digitais e foto das duas e enviou para Buenos Aires. Ao HOJE o consulado disse que está ciente da situação das duas argentinas e está prestando assistência a elas.

Apesar de toda a situação, Beatriz e Patrícia dizem que conseguiram entrar em contato com a família, por e-mail, informando que estão bem e sendo cuidadas pelos trabalhadores que conheceram. Já os amigos, Patrícia conta que não conseguiu informar o grupo em que estavam, já que depois de passarem por Minas Gerais, cada um seguiu para um destino.

Até o momento da publicação dessa reportagem, Beatriz e Patrícia seguem na mesma situação no Aeroporto de Guarulhos. Segundo informações de funcionários, as duas estão magras e aparentando estar doentes.

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