Assim como em outras cidades da região metropolitana de São Paulo, Guarulhos também reajustou a tarifa de ônibus. Desde o início de fevereiro, o valor da passagem para quem utiliza Bilhete Único subiu de R$ 4,15 para R$ 4,30. Já para o pagamento em dinheiro ou vale-transporte, o valor foi para R$ 4,70.
O valor do aumento, de acordo com a prefeitura, segue a inflação acumulada desde o último reajuste, feito no final de janeiro de 2017. Entretanto, a cobrança diferenciada tem gerado polêmica na cidade, já que os usuários que não têm o Bilhete Único precisam desembolsar mais para pagar a chamada “Tarifa Integral”.
Para a moradora do bairro Presidente Dutra, Daliene Rodrigues, 37, a medida é abusiva e antidemocrática por forçar a adesão do Bilhete Único. “Seremos obrigados a aderir para pagar mais barato. Não é justo, não é democracia. O valor está mais caro que o da passagem em São Paulo. E o pior, por um serviço péssimo, e com ônibus em péssimas condições.”
De acordo com a prefeitura, as principais razões para a cobrança de dois valores são incentivo a adesão do cartão do Bilhete Único e também a segurança de passageiros e funcionários, que não levariam quantias altas dentro do ônibus.
Viviane Rodrigues, 41, moradora dos Pimentas, discorda da medida e diz que a justificativa não é suficiente. “Bandido não rouba só o dinheiro do ônibus, rouba bolsa, carteira, celular. Essa medida não inibe coisa nenhuma”, contesta.
Em pouco mais de duas semanas de mudança, alguns problemas já foram detectados por usuários do transporte público da cidade. Passageiros reclamaram da recorrente falta de troco.
“Já aconteceu mais de uma vez comigo, de o cobrador não ter troco e eu ter que pagar R$ 5 na passagem. Se a prefeitura ‘permite’ o pagamento desse valor absurdo, o mínimo que eles precisam fazer é ter troco”, criticou Viviane.
No dia 2 de fevereiro, um dia após a mudança na passagem, a 1ª Vara da Fazenda Pública de Guarulhos chegou a conceder liminar que proibia a cobrança de tarifas diferenciadas, estabelecendo o valor em R$ 4,30. A decisão durou 1 semana, até que no dia 9 de fevereiro, a prefeitura conseguiu derrubar a liminar, e os valores voltaram a ser cobrados como antes.
A prefeitura afirmou que os valores estão baseados nos gastos em subsídio. De acordo com o órgão, uma consultoria feita no final do ano passado constatou que o valor da tarifa sem o pagamento desses subsídios por parte da Prefeitura de Guarulhos seria de R$ 5,05.
Se o valor da passagem tivesse permanecido em R$ 4,15, a prefeitura afirmou que teria que desembolsar R$ 71.963.032 até o final de 2018. No cenário com passagem a R$ 4,30 e sem a “Tarifa Integral”, a cidade teria que cobrir o valor de R$ 59.940.216,00. Com a cobrança de valores diferentes, a prefeitura estima que esse subsídio cairia para R$ 35.015.016.
A reportagem entrou em contato com a Prefeitura de Guarulhos para pedir mais informações sobre os valores das tarifas e as reclamações dos moradores, mas não obteve resposta até o fechamento da matéria.
Crédito: Folhapress
Foto: Fábio Nunes Teixeira/PMG