Incêndio atinge Museu Nacional no Rio e destrói mais de 20 milhões de peças

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Um incêndio de grandes proporções atingiu o Museu Nacional, na zona norte do Rio, na noite deste domingo (2). Especializado em história natural e mais antigo centro de ciência do país, o Museu Nacional completou 200 anos em junho em meio a uma situação de abandono. O Corpo de Bombeiros foi acionado às 19h30 e rapidamente chegou ao local, mas até às 22h o fogo permanecia fora de controle. Todos os andares do edifício foram tomados pelo fogo.

Segundo a assessoria de imprensa do museu, ele já estava fechado para o público quando o incêndio começou e não havia feridos. Os salões com pisos de madeira e os livros da biblioteca, a maior da América Latina, podem ter contribuído para o incêndio. O prédio histórico de dois séculos foi residência da família real brasileira e tem um dos acervos mais importantes do país – são cerca de 20 milhões de peças.

O museu foi fundado por d. João VI e tinha como um dos atrativos o quarto onde dormia o imperador d. Pedro II, no Palácio de São Cristóvão. O museu, ligado à Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), reúne algumas das mais importantes peças da história natural do país.

O maior tesouro é Luzia, o esqueleto mais antigo já encontrado nas Américas, com cerca de 12 mil anos de idade. Achado em Lagoa Santa (MG) em 1974, trata-se de uma mulher que morreu entre os 20 e os 25 anos de idade e foi uma das primeiras habitantes do Brasil.

O crânio de Luzia e a reconstituição de sua face – revelando traços semelhantes aos de negros africanos e aborígines australianos – estão em exibição no museu. A descoberta de Luzia mudou as principais teorias sobre o povoamento das Américas. É considerado o maior tesouro arqueológico do país.

Outra peça marcante do museu é o meteorito Bendegó, o maior já encontrado no Brasil e que tinha destaque no saguão do prédio. Com 5,36 toneladas, a rocha é oriunda de uma região do Sistema Solar entre os planetas Marte e Júpiter e tem cerca de 4,56 bilhões de anos. O meteorito foi achado em 1784, em Monte Santo, no sertão da Bahia. Está na coleção desde 1888.

O novo diretor da instituição, o paleontólogo Alexander Kellner, que assumiu o cargo este ano, tentava negociar parcerias com a iniciativa privada para recuperar o museu. Em janeiro deste ano, professores dos cursos de pós-graduação que trabalham no museu se uniram para pagar a passagem de ônibus da equipe de limpeza. Eles temiam que a sujeira afetasse o acervo, composto de muito material orgânico, sensível a micro-organismos.

Frequentadora do museu há 21 anos, como estudante, pesquisadora e professora, a antropóloga Adriana Facina disse que os funcionários relatam falta da manutenção desde que conheceu o prédio. “É um descaso total com a pesquisa, o conhecimento e a cultura. É muito triste ver o prédio em chamas.”

 

 

Michel Temer diz que incêndio provocou perda “incalculável”

O presidente Michel Temer lamentou na noite deste domingo (2) o incêndio que atinge o Museu Nacional do Rio de Janeiro. Em nota, ele lembrou que foram “perdidos 200 anos de trabalho, pesquisa e conhecimento”. Temer classificou o episódio como perda “incalculável”.

“Incalculável para o Brasil a perda do acervo do Museu Nacional. Hoje é um dia trágico para a museologia de nosso país. Foram perdidos duzentos anos de trabalho, pesquisa e conhecimento.”

Em seguida, a nota afirma que: “O valor para nossa história não se pode mensurar, pelos danos ao prédio que abrigou a família real durante o Império. É um dia triste para todos os brasileiros”.

Foto: Tânia Rego/Agência Brasil

 

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